O Sussurro e o Fogo
A noite envolvia a mansão como um véu de murmúrios. Lá fora, os ventos sibilavam entre as árvores, carregando vozes antigas, como se o próprio tempo chorasse pelas escolhas feitas e pelas que ainda viriam.
Elena dormia, mas sua alma não repousava.
Dentro do seu sonho, ela vagava por um bosque morto, onde as árvores sussurravam seu nome com vozes de crianças e os espelhos d’água mostravam rostos que ela não reconhecia — ou não queria reconhecer.
E então ele surgiu.
O Guardião.
Surgiu da neblina, os pés sem tocar o solo, os olhos brancos como ossos molhados e a voz como o último trovão antes da tempestade.
“Morgana... Você tentou fugir de mim outra vez?”
Ela recuou, mas a floresta se fechava atrás de si.
A terra gemeu debaixo de seus pés.
Ele ergueu a mão, a mesma que antes sangrara trevas, agora estendia-se em um gesto quase reverente.
“Você é o véu. É o feitiço. É a morte que cria vida.”
“Por que eu sinto que te conheço?” ela sussurrou, com o coração em chamas.
“P