Capítulo 5

THEODORO

Confesso que, quando liguei para Zahara, uma centelha de preocupação surgiu quando notei o seu tom de voz, mas tentei deixar de lado, afinal, poderia ser só algum aborrecimento do trabalho dela. Depois de me certificar de que tinha escolhido os melhores seguranças para Zahara, passei no escritório e peguei alguns papéis que tinha esquecido na noite anterior.

Quando estava saindo do meu escritório, ouvi meu celular começar a tocar e então resgatei o aparelho do bolso da calça e vi que era uma ligação de minha mãe. Eu precisava atender, pois poderia ser algo importante.

— Oi, mãe!

— Theo, você vai no almoço na casa dos Milani?

— Sim.

— Já está sabendo que Zahara está na cidade?

— Fiquei sabendo.

— Ansioso para reencontrar sua melhor amiga de infância depois de tantos anos?

— Sim, mãe — menti, porque já tinha me reencontrado com Zah, mas ninguém sabia ainda.

— O que você está fazendo, filho?

— Passei aqui na empresa, mas já estou a caminho de casa.

— Vou te deixar prestar atenção no trânsito, te vejo no almoço na casa dos Milani.

— Até daqui a pouco, filho.

— Te amo, mãe!

Encerrei a ligação e deixei o celular no porta-copos do carro, dei partida no carro e tomei o caminho para casa. Assim que cheguei em casa, deixei a chave junto com os papéis sobre a mesa e fui ao quarto, não sem antes encontrar Ana arrumando o quarto de hóspedes.

— Ah, Theodoro, que bom que o senhor está de volta.

— Aconteceu alguma coisa, dona Ana?

— A sua amiga acabou esquecendo isso aqui. — Ela estendeu uma pulseira em minha direção. — Estava caída debaixo da cama.

— Obrigado, dona Ana. Vou entregar a ela quando nos encontrarmos para o almoço.

— Você está namorando ela, Theo?

— Quem me dera. Zahara é só uma amiga mesmo.

— Se você está dizendo.

Deixei dona Ana terminando de limpar o quarto de hóspedes e fui para o meu. Me joguei na cama e me peguei pensando em Zahara, a imagem dela vestindo apenas aquela lingerie, seria o meu tormento por muito tempo. Ela tinha ficado atraente até mesmo usando a minha blusa.

Alguns minutos depois do horário marcado, eu estava estacionando o carro em frente à casa dos Milani, dei uma última conferida na aparência no retrovisor do carro e segui até a entrada. Logo que toquei a campainha, uma das empregadas veio atender e me acompanhou até a varanda dos fundos, onde todos já estavam reunidos, mas não vi Zahara.

— Olá a todos.

— Theodoro! — Madalena levantou-se e veio me cumprimentar. — Que bom que veio.

— Desculpe pelo atraso.

— Cinco minutos não pode nem ser considerado um atraso.

Retribui o aperto de mãos do pai de Zahara, em seguida dei a volta na mesa e cumprimentei meus pais com um beijo no rosto de cada um e um tapa de leve no ombro de minha irmã. Me sentei na cadeira vazia ao lado de Chiara e de frente para onde Zahara provavelmente se sentaria.

— E como andam as coisas a empresa, Theo?

— Não poderiam estar melhores, Sr. Antônio.

Zahara apareceu, interrompendo a conversa. Ela estava linda naquele vestido longo de alças finas na cor azul bebê estampado com algumas flores brancas discretas, seus cabelos levemente ondulados caíam por sobre os ombros como uma farta cascata castanha.

— Filha! — Madalena e Antônio se levantaram e deram um abraço apertado na filha. — Que bom que você conseguiu vir.

— É bom estar de volta em casa.

— Estávamos morrendo de saudades suas.

— Eu também, mãe.

— Venha sentar-se com a gente. — O pai dela a convidou.

Zahara cumprimentou meus pais, minha irmã, me deixando por último e depois sentou-se ao lado da mãe. Fiquei surpreso por Chiara não ter comentado nada, talvez elas tivessem combinado antes. 

— É um prazer revê-los, Sr e Sra. Castro.

— Você se tornou uma mulher bonita, Zah. — Minha mãe elogiou.

— Obrigada! A senhora também está linda.

— E as namoradas, Theo? — Aí estava a pergunta que mais temia e a mais ouvida atualmente.

— No momento não tenho nenhuma, Sra. Madalena.

— Se cansou delas? — Sr. Antônio perguntou.

— Na verdade, eu me cansei de sair com várias e agora quero encontrar alguém certo para casar.

Miha querida irmãzinha começou a rir, mas disfarçou com uma tosse.

— Faz bem, meu filho. — Minha mãe apoiou a mão direita em meu ombro. — E você, Zahara, ainda está solteira?

— Eu cansei de ser usada como degrau para alavancar a carreira dos outros.

— Está certa.

— Eu sempre digo a ela que ela merece alguém que goste verdadeiramente dela e respeite o trabalho que ela faz. — Foi a vez de Madalena defender a filha.

Depois do almoço, meus pais entraram para a sala de estar com os Milani para ficarem no ar condicionado, minha irmã informou que tinha um compromisso e, por isso, foi embora, já eu preferi ficar com Zahara a beira da piscina.

— Obrigada pelos seguranças. — Zah me agradeceu enquanto puxava a barra do vestido e colocava os pés na água.

— Imagina, não foi nada. — Tirei os tênis e também coloquei os pés na água morna da piscina.

— Mesmo assim você conseguiu os melhores e em tão pouco tempo.

— Digamos que dei uma mexida nos palitinhos.

— Aquilo que você falou no almoço é verdade?

— Sobre o quê?

— Sobre estar esperando a pessoa certa para se casar?

— Digamos que foi a coisa certa a se dizer naquele momento.

— Então você estava mentindo descaradamente para todos, Theo?

— E você falou sério?

— Falei.

— Então Zahara Milani está a procura de um marido.

— Pode-se dizer que sim.

— E já tem alguém em vista?

— Mais ou menos.

— E o sortudo já sabe?

— Na verdade, ainda não falei com ele.

— E por que não fala?

— Porque ele está bem na minha frente, mas é um tremendo de um playboy pegador.

— Zah.

— Relaxe, eu estava só brincando com você. 

— Por um momento achei que estivesse falando sério.

— Você é meu amigo, mas poderíamos ser amigos com benefícios, não acha?

— Está falando sério?

A tentação era grande então aproximei minha boca de sua orelha, precisava beijá-la novamente, mas tinha consciência de que tinham oito pares de olhos nos observando pela parede de vidro da sala de estar dos Milani.

— Sabe que nossos pais estão nos observando e provavelmente comentando, né?

— Sim, eu sei. Podemos nos encontrar hoje a noite no Lucky's?

— Claro! Que horas prefere?

— Umas 20h?

— Ótimo. Combinado.

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