Meu (Delicioso) Colega de Quarto
Meu (Delicioso) Colega de Quarto
Por: Karen Moon
01. O estranho

Cada passo que Emanuele dava pelo enorme corredor no quarto andar do apartamento era doloroso, cansativo e absolutamente infernal.

A chuva torrencial lá fora também não ajudava. A pesada mala que ela arrastava estava encharcada, assim como a própria Emanuele, e já passava das onze horas da noite. Ela havia alugado um quarto naquele prédio, e a proprietária devia estar dormindo. A garota tentou ligar para o celular de Alexandra, mas aparentemente ele estava desligado.

O cabelo tingido de vermelho da garota estava grudado em seu rosto, misturado não apenas com as gotas de chuva, mas também com suor. Quase rosnando de frustração, morrendo de vergonha, frio e irritação, a garota de pele bronzeada tocou a campainha. Um estrondo de trovão soou. Será que a proprietária ficaria irritada por ela ter chegado àquela hora?

Alguns segundos se passaram. Bem, não seria nada surpreendente se ela estivesse dormindo. As mãos de Emanuele estavam tremendo de cansaço, fome e apreensão. As últimas horas tinham sido extremamente difíceis. Mas pelo menos ela estava longe do monstro que um dia chamou de mãe.

Um longo minuto depois, a campainha tocou novamente. Alexandra certamente estaria zangada. Mas quando eles conversaram pela última vez, a garota parecia muito compreensiva e doce. Emanuele tinha certeza de que ela entenderia a situação, tudo o que precisava fazer era explicar-lhe corretamente.

Quando ela estava prestes a tocar a campainha pela terceira vez, com lágrimas quase escorrendo pelo rosto, a porta finalmente se abriu.

Um homem de pele escura, com barba bem cuidada, cabelo curto e olhos cor de ônix estava parado olhando para ela, bastante confuso. E com raiva.

Emanuele queria morrer.

"Sim?" Sua voz era baixa e profunda. Embora ele estivesse obviamente com sono, isso não afetava de forma alguma sua beleza estonteante, bem como sua compleição forte.

"Eu... me desculpe, eu... Devo ter batido na porta errada. Mil desculpas."

Ela fez sinal para pegar a mala novamente, sentindo-se a pessoa mais estúpida do mundo. Será que ela havia se enganado com o número do apartamento? Emanuele se afastou do estranho enquanto colocava a mão no bolso, onde estava o celular.

"Espere, senhorita." O homem a chamou e se inclinou um pouco mais para perto da luz do corredor. A jovem percebeu que ele era muito mais velho do que ela, provavelmente na casa dos quarenta anos.

"Quem você está procurando?"

"Ah, bem... Eu vim morar com uma garota chamada Alexandra... Ela supostamente mora no número quarenta e quatro, mas... Devo ter cometido um erro. Me desculpe."

"Oh, não, você não cometeu um erro. Você é Emanuele Parker, certo?"

Emanuele não responde em um primeiro momento, ela apenas franze a testa e o encara.

"Ela teve que viajar às pressas. Mas ela pensou que você chegaria amanhã de manhã, não hoje."

A garota murmura, ainda com uma das mãos nos bolsos:

"Eu... eu não entendo".

"Meu nome é Joshua. Sou o irmão mais velho de Alexandra. Cheguei aqui há dois dias, mais ou menos, e estou cuidando do apartamento dela enquanto ela não volta."

"Mas..." Emanuele está tentando absorver tudo isso, mas não consegue. "Mas como...? Eu disse a ela que viria, tentei ligar para o celular dela..."

"Alexandra viajou para um lugar onde a cobertura é péssima, em sua maior parte. De qualquer forma, peço desculpas antecipadamente. Nem ela nem eu sabíamos que você estaria se adiantando."

"Eu... eu precisava vir imediatamente."

"Ah."

Por alguns instantes, tudo o que se ouviu foi o som da chuva.

Joshua prontamente se oferece para ajudá-la com a bolsa, mas Emanuele dá um passo para trás.

"O que você está fazendo?", ela pergunta, assustada.

"Você está encharcada por causa da chuva, provavelmente cansada e confusa. Vou ajudá-la com sua mala e vamos entrar".

"Não. Eu não vou entrar".

Joshua olha para ela, mas Emanuele não consegue encará-lo enquanto começa a falar em voz alta:

"Eu não confio em você. Alexandra nunca me disse que tinha um irmão. E... Ela poderia ter me contado isso antes."

"Eu lhe disse que era uma emergência..."

"Não. Não, não, não, não", Emanuele parecia não conseguir processar a informação. "Eu não sei quem você é, ou o que está fazendo, mas..." Ela parou, tossiu e continuou: "Mas isso não vai funcionar, certo? Desculpe-me por acordá-lo em um momento como esse. Mas estou realmente desesperada e preciso encontrar Alexandra e... E dormir."

"Emanuele..." Joshua tenta falar, mas é interrompido.

"Não!"

A garota corre e se dirige para o elevador, sem olhar para trás. As portas se abrem.

Quando Emanuele desce para o segundo andar, ela começa a chorar e procura o anúncio do aluguel na Internet. Sim, Alexandra havia escrito que o número do apartamento era quarenta e quatro.

Elas haviam conversado sobre isso, haviam acertado todos os detalhes. E era verdade que o horário previsto de chegada era na manhã seguinte, mas a garota não tinha escolha; ela literalmente tinha que correr para salvar sua vida. Será que ela havia sido vítima de um golpe?

Ela tentou não se desesperar, mas o dia estava se tornando insuportável. Ter que atravessar quase quinhentos quilômetros em uma viagem desajeitada, na chuva, encontrar um completo estranho que dizia ser irmão de uma mulher que nem sequer atendia ao telefone...

Será que ela estava condenada a se ferrar todas as vezes? Será que sua mãe estava realmente certa e ela não servia para nada?

Quando chegou ao segundo andar, Emanuele decidiu que dormiria em um motel. Ela ainda tinha dinheiro suficiente para dois ou três dias, e então veria o que poderia fazer. Acessando um mapa virtual, ela viu que o próximo hotel ficava a duas quadras de distância.

A chuva continuava a castigar impiedosamente todo o perímetro da cidade. Apesar das gotas grossas que pingavam em sua pele e cabelo, a pobre garota continuou a lutar contra o vendaval, insistindo em andar o mais rápido possível. Embora Emanuele tivesse dinheiro, em nenhum momento passou por sua cabeça comprar um guarda-chuva.

Em meio ao barulho da tempestade, a garota ouviu passos à sua esquerda, mas os ignorou. Então, ela viu sombras se aproximando.

Incapaz de formular um plano, a ruiva saiu correndo o mais rápido que pôde. Os passos de outras pessoas também começaram a correr.

Quando Emanuele virou uma esquina, ela ofegou. Uma enorme parede de tijolos a esperava no final do beco. Não havia saída.

Uma lâmina afiada roçou em seu pescoço.

"Ok, gatinha, agora fique parada."

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