Sob o pretexto de cuidar da gravidez, Franza conseguiu se mudar para a nossa casa.

Ela e Charalambos nem sequer se davam ao trabalho de disfarçar. Os dois demonstravam seu “amor” descaradamente na minha frente, como se eu fosse invisível.

Toda a alcateia sabia do caso entre eles, mas ninguém dizia nada. Todos escolheram ignorar o que acontecia, e por isso, decidi que faria o mesmo: fecharia os olhos.

Mas, ao contrário do que eles pensavam, eu estava planejando minha saída. Eu não ficaria ali para sempre.

Naquela noite, enquanto eu dormia, uma dor cortante atravessou meu peito. Era como se uma lâmina estivesse sendo cravada no meu coração, girando cruelmente para intensificar o sofrimento.

Eu me forcei a levantar, segurando o peito com dificuldade, e segui o rastro daquela dor que parecia me chamar.

Meus passos me levaram até a porta do quarto de Charalambos. Lá, através da pequena fresta da porta, eu vi algo que jamais poderia esquecer.

Charalambos estava abraçando Franza, ambos completamente nus. Ele a beijava com intensidade, enquanto ela envolvia os braços ao redor do pescoço dele, seus lábios sussurrando algo em seu ouvido.

— Não olhe para trás, meu guerreiro. Hoje à noite, só pode olhar para mim. — Disse ela, segurando o rosto dele e puxando-o novamente para um beijo.

Ele correspondeu ao beijo com uma fome insaciável, suas mãos deslizavam pelo corpo dela, explorando cada curva como se quisesse gravar cada detalhe em sua memória.

Não demorou muito para que Charalambos a deitasse na cama, pressionando seu corpo contra o dela. Seus corpos nus se encaixavam como se fossem feitos um para o outro.

Franza arqueou as costas, suas pernas longas e delicadas se enroscaram na cintura dele, entregando-se por completo.

As mãos dele deslizaram pelas coxas dela, até alcançar o centro de seu corpo. Ele começou a explorá-la sem nenhuma hesitação, até que, impaciente, ele avançou, preenchendo-a por completo.

— Ah! Mais, Charalambos! Eu te amo! Mais forte! — Ela gritava, sua voz misturada ao som das respirações pesadas e dos gemidos que ecoavam pelo quarto.

Enquanto isso, Franza, com a cabeça virada levemente para a porta, olhou diretamente para mim. Seu olhar estava cheio de provocação.

— Charalambos, quem tem o corpo mais bonito? Eu ou minha irmã? — Perguntou ela, com um sorriso malicioso.

Ele, sem pensar muito, respondeu:

— Claro que é você.

Franza soltou uma risada suave e continuou:

— Ainda bem que, há quatro anos, fez minha irmã tomar aqueles comprimidos que bloqueiam o vínculo espiritual. Caso contrário, ela não estaria chorando de dor agora?

Charalambos riu baixo e respondeu:

— Você é uma diabinha esperta e irresistível. É claro que ela não pode saber de nada. Mas você sabe que eu amo a sua irmã. Só que... Você é muito mais... Selvagem.

As palavras dele foram como veneno escorrendo pela minha alma. Meu peito doía tanto que parecia que meu coração estava sendo quebrado em pedaços.

Minha loba interior uivava de agonia, como se estivesse sendo despedaçada junto comigo.

Então era isso. Charalambos já havia me traído antes mesmo de ir para a Sombria. Ele e Franza estavam juntos há quatro anos.

E Franza sabia que eu estava ali, assistindo. Ela olhou para mim com um sorriso triunfante, sua expressão cheia de arrogância.

Toda essa situação havia sido planejada por ela desde o início.

Minha dor se intensificava a cada segundo, até que eu não consegui mais me segurar. Meu corpo caiu no chão, contorcendo-se em agonia. Era como se eu estivesse sendo rasgada por dentro, mas, por mais que eu gritasse, nenhum som saía da minha garganta.

Franza havia usado alguma técnica proibida da nossa espécie para me silenciar e me manter presa naquela tortura.

— Você é irresistível quando está na cama, Franza! — Charalambos exclamou, sua voz cheia de desejo.

Eu fiquei no chão, lutando contra a dor insuportável, enquanto assistia àquela cena grotesca continuar diante dos meus olhos. Eles se entregavam sem pudor, enquanto eu sofria em silêncio.