Fui incriminada e perdi meu filhote. Mas meu companheiro, o Alfa Byron, protegeu a assassina, Ariana. Ele estava até disposto a machucar minha própria mãe e irmão por ela.
— Sandra tem que perdoar Ariana publicamente.
A voz de Byron cortou através da parede da sala ao lado.
Pressionei-me contra a parede, prendendo a respiração.
— Alfa, mas ela acabou de perder o filhote...
— É exatamente por isso que temos que encerrar isso. Agora — ele interrompeu seu Beta. — Não posso perder mais ninguém.
— A única maneira disso terminar pacificamente é se Sandra perdoar Ariana em público. Se ela se recusar, cortem o fornecimento de Pétalas Lunares da mãe dela.
Meu coração parou.
Desde minha cerimônia de acasalamento, minha mãe havia sido atingida por uma misteriosa maldição de sangue.
As Pétalas Lunares eram a única coisa mantendo-a sã.
Sem elas, a maldição despedaçaria sua mente em três dias.
— Alfa, isso é cruel!
A dor tensionava a voz de Byron.
— Eu sei que é cruel, mas ela precisa aprender a colocar a alcateia em primeiro lugar. Estou protegendo-a de mais dor! Depois da cerimônia, vou me desculpar pessoalmente e dobrar o fornecimento de Orquídeas Lunares. Por enquanto, ela só precisa se acalmar.
Cerrei a mandíbula, minhas unhas cravando nas palmas com tanta força que senti gosto de sangue.
Proteção? Ele estava machucando minha família, protegendo quem matou meu filhote, e ousava dizer que era por mim?
A conversa continuou, mas não conseguia mais ouvi-la.
Virei-me e caminhei até a varanda, minha mão trêmula puxando um comunicador criptografado do bolso.
Sete anos.
A primeira vez que o ligava em sete anos.
Tocou três vezes antes dele atender.
— Sandra? — A voz do meu pai estava chocada. — Filha, o que houve?
— Pai. — Minha voz estava rouca e quebrada. — Vou aceitar o casamento.
Silêncio.
Então, um longo e pesado suspiro.
— Eu sei que não tenho o direito...
— Tenho uma condição — interrompi-o. — Quero que você destrua a Alcateia Blackwood. Completamente.
— Sandra...
— Eles mataram meu filho. Prenderam Liam. Estão usando minha mãe contra mim. — Cada palavra foi arrancada do meu peito. — E meu companheiro, meu Alfa predestinado, é quem está por trás de tudo isso.
— Malditas guerras de alcateia — meu pai praguejou. — Se não fossem por elas, nunca teria machucado você e sua mãe. Nunca teria deixado vocês irem.
— O passado não importa — disse, encarando o céu noturno. — O que importa é a cerimônia da Lua de Sangue. Em sete dias.
— O que você está planejando?
— Vou fazer eles pagarem. Na frente de todas as alcateias.
Fechei os olhos, a memória de uma noite perfeita tomando conta de mim.
O Solstício de Verão, três anos atrás.
A lua cheia pintava o mundo de prata.
Eu estava num vestido branco, participando da cerimônia como adulta pela primeira vez.
Então o vi.
Byron. Ele estava sob o luar, seus olhos dourados como sóis ardentes.
No momento em que nossos olhos se encontraram, o mundo silenciou.
O vínculo de companheiros se encaixou entre nós.
Aquela atração sagrada e irresistível me fez acreditar que ele era um presente da própria Deusa da Lua.
— Você é minha — ele tinha dito então, sua voz num sussurro de amante. — Esta noite, e por toda a eternidade.
Acreditei nele.
Meu Deus, eu realmente acreditei nele.
— Sandra? — A voz do meu pai me trouxe de volta.
— Sete dias — disse. — Me dê sete dias para preparar o cenário. Na noite da Lua de Sangue, preciso dos seus guerreiros na fronteira.
— O que você precisa que eu faça?
— Resgate Liam. Depois me observe encerrar isso sozinha.
— Minha filha. — Podia ouvir o orgulho e a dor na voz dele. — Você tem certeza disso? Uma vez que um vínculo de companheiros é completamente rompido...
— Ele foi o primeiro a profaná-lo — disse, minha voz fria como gelo. — Agora é minha vez.
— Certo. Vou deixar tudo pronto.
Encerrei a ligação e guardei o comunicador.
O vento noturno estava fresco contra meu rosto, um pequeno momento de alívio.
Passos soaram atrás de mim.
Congelei.
— Sandra?
A voz de Byron. Merda. Quando ele voltou? O que ele ouviu?
Virei-me devagar.
Seus olhos dourados — aqueles nos quais eu costumava me perder — estavam fixos em mim.
Vi o calor familiar em seu olhar, mas estava manchado por um lampejo de culpa.
— Você acabou de perder nosso filhote — ele disse suavemente. — O que está fazendo aqui fora tão tarde?