73. Uma reconciliação quente
Nihara Vitti
Toda manhã, quando abro os olhos neste quarto que não tem o aconchego familiar do meu apartamento, me assalta a sensação de que tomei a decisão errada ao aceitar a proposta de Tobias. A casa Bernstorff é grandiosa, os quartos são impecáveis, mas parece que cada cômodo é um lembrete constante da minha escolha.
Hesito diante da tentação de arrumar minhas malas, retornar ao meu cantinho e recuperar minha tão almejada privacidade. Contudo, a consciência do estado frágil da minha gravidez age como um elo invisível, mantendo-me ancorada aqui. O médico foi categórico: “O monitoramento constante é essencial.”
De repente, uma sombra do passado se materializa, e as palavras da empregada ecoam em meus ouvidos:
“Senhora Heide dará um jantar e pediu que você se vestisse com essas roupas.” A imposição, ainda que envolta em elegância, ressurge, reforçando a sensação de submissão que detesto.
Na cozinha, a voz da senhora Heide ressoa:
“Menina, o que você está comend