Pietro Castellane:
Não bato.
Não aviso.
Ignoro os empregados que tentam me abordar.
— Você sabia?! — Minha voz explode no cômodo antes mesmo da minha entrada. Bato a porta contra a parede com um estrondo que faz os cristais dos lustres tilintarem.
No meses, apenas poucos noves se passaram desde que estive nessa casa pela última vez, para anunciar a gravidez tão esperada de Marina. Na época, eu estava feliz pela felicidade de minha falecida esposa por finalmente realizar o sonho de ter seu próprio filho, então não deixei que as magoas do passado atrapalhassem o momento. Contudo, agora tudo o que sinto ao atravessar a porta dessa casa é uma mistura sufocante de raiva, incredulidade e um ultimo respingo de esperança que ao menos minha mãe não fizesse parte disso.
— Boa tarde para você também, Pietro — diz sem me olhar, erguendo a mão com o controle e desligando a televisão com um clique, então pousa a xicara de café na mesa de centro ao lado de sua cadeira de rodas com uma calma irritant