Capítulo 3

POV OLIVER

Nunca pensei que o dia do meu "casamento" seria tão... estéril.

Tão vazio de qualquer romance, de qualquer magia, de qualquer coisa que se assemelhasse aos sonhos idiotas que eu tinha quando criança.

O cartório de Manhattan tinha aquele cheiro característico e deprimente de papel velho amarelado e café frio esquecido em canecas sujas. As paredes bege sem vida — sem um quadro, sem uma planta, sem nada

— pareciam me julgar silenciosamente a cada movimento que eu fazia, enquanto segurava a caneta tremendo que selaria minha farsa patética.

Minha mentira transformada em documento legal.

— Oliver Miller — anunciei quando chegou minha vez, minha voz saindo constrangedoramente mais baixa, mais fraca do que eu gostaria.

Sebastian estava ao meu lado, impecável como sempre em seu terno cinza escuro perfeitamente cortado que provavelmente custava mais que meu salário de três meses.

Mesmo naquele ambiente completamente sem charme, frio e burocrático, ele emanava uma elegância natural devastadora que fazia as pessoas automaticamente se virarem para olhar.

Incluindo o oficial do cartório — um homem de meia-idade com óculos grossos — que parecia visivelmente impressionado por estar casando duas pessoas tão claramente de classes sociais absurdamente diferentes.

— Sebastian Blackwood — ele respondeu quando solicitado, sua voz grave e controlada ecoando pela sala pequena e claustrofóbica.

Nossas famílias estavam dispostas em duas fileiras desiguais de cadeiras de plástico desconfortáveis atrás de nós, como plateias separadas assistindo a uma peça de teatro.

Meus pais, Margaret e Robert Miller, sentados militarmente rígidos, observando cada movimento meu com olhos críticos e julgadores que eu conhecia tão bem.

Procurando defeitos.

Encontrando-os.

Ao lado deles, meu irmão Christopher com sua esposa Victoria — ela linda e elegante como sempre, ele me dando sorrisos pequenos e encorajadores toda vez que nossos olhares se encontravam, tentando me transmitir força silenciosa.

Do outro lado da sala, a família Blackwood irradiava uma tranquilidade natural que eu invejava profunda e amargamente.

Richard Blackwood, o pai de Sebastian, tinha a mesma postura militarmente ereta do filho, a mesma presença imponente, mas seus olhos eram infinitamente mais gentis. Mais calorosos. Mais humanos.

Catherine, sua madrasta — eu havia aprendido essa distinção dolorosa recentemente — me ofereceu um sorriso genuíno e radiante quando cheguei, e sussurrou "que lindo você está" no meu ouvido durante o cumprimento, suas mãos apertando as minhas com afeto real.

Que contraste gritante, devastador com meus próprios pais.

Minha mãe mal havia me olhado nos olhos quando cheguei.

— Os anéis — pediu o oficial monótono, consultando seus papéis.

Sebastian tirou duas alianças reluzentes de uma pequena caixa de veludo azul escuro.

Simples, mas elegantes. Obviamente caras.

Ouro branco que capturava a luz fraca.

Claro que ele havia pensado em absolutamente tudo.

Quando ele segurou minha mão esquerda para deslizar o anel no meu dedo, seus dedos longos estavam gelados. Frios como gelo.

Os meus provavelmente tremiam visivelmente.

Por um segundo suspenso no tempo, nossos olhos se encontraram — realmente se encontraram — e vi algo indecifrado passando pelas profundezas escuras do olhar dele.

Talvez resignação.

Talvez arrependimento.

Talvez... gentileza?

Não consegui decifrar.

— Eu, Sebastian Blackwood, aceito você, Oliver Miller, como meu esposo — ele disse as palavras obrigatórias e vazias com uma seriedade impressionante que quase, quase me fez acreditar por um momento insano que eram verdadeiras.

Que significavam algo.

Quando chegou minha vez, tive que pigarrear constrangido antes de conseguir falar:

— Eu, Oliver Miller, aceito você, Sebastian Blackwood, como meu esposo.

As palavras saíram como um sussurro rouco, mal audível, mas foram suficientes.

Legalmente suficientes.

— Pelos poderes que me foram conferidos pelo Estado de Nova York — o oficial anunciou com indiferença burocrática —, eu os declaro marido e marido.

Marido e marido.

As palavras ecoaram na minha mente como sinos distantes em uma igreja vazia, irreais e ao mesmo tempo pesadas demais.

Sebastian se inclinou para mim lentamente — dando tempo para eu recuar se quisesse — e me deu um beijo casto, apropriado nos lábios.

Rápido, controlado, perfeitamente apropriado para a ocasião formal.

Mas que ainda assim fez meu coração idiota disparar violentamente, batendo contra minhas costelas como um pássaro preso.

Quando nos afastamos — centímetros apenas — ele sussurrou tão baixo que apenas eu pude ouvir:

— Está feito.

Duas palavras simples que soaram como uma sentença.

O restaurante escolhido para o almoço de "celebração" era requintado demais para meu gosto — o tipo de lugar ostensivo onde os garçons te olham com desaprovação mal disfarçada se você não sabe instintivamente qual garfo usar primeiro.

Onde o menu não tem preços.

Onde tudo é em francês.

Mas era exatamente o tipo de estabelecimento impressionante que meus pais adoravam, que os fazia se sentir importantes e superiores.

Estávamos todos sentados em uma mesa redonda grande coberta com toalha de linho branco:

Sebastian e eu lado a lado, tão próximos que nossos ombros quase se tocavam, nossos pais sentados de frente um para o outro como rivais educados, e Chris com Victoria completando o círculo desconfortável.

— Então, Sebastian — meu pai começou com falsa casualidade depois que pedimos as entradas caríssimas —, conte-nos mais sobre como vocês dois se conheceram. Os detalhes.

Senti meu estômago se contrair dolorosamente.

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