Capítulo 3

A conversa fluiu mais naturalmente depois disso.

Mas eu notei como Sebastian observava tudo com olhos atentos — cada comentário sutil dos meus pais, cada vez que eles elogiavam Chris enquanto me ignoravam, cada momento em que eu encolhia um pouco mais na cadeira.

Horas depois, estávamos no meu quarto na casa dos meus pais.

Era pequeno comparado ao que Sebastian provavelmente estava acostumado — cama de solteiro, escrivaninha simples, algumas prateleiras de livros.

Basicamente o quarto de um adolescente, não de um homem de vinte e sete anos.

Sebastian estava de pé perto da janela, ainda de terno, mas havia tirado o paletó e afrouxado a gravata.

Parecia cansado.

— Sinto muito — eu disse pela terceira vez naquele dia, sentado na borda da cama com as mãos entrelaçadas. — Por tudo isso. Por ter te colocado nessa situação.

Ele se virou para me olhar:

— Você já se desculpou o suficiente, Oliver.

— Mas é que... meus pais são...

Parei, não sabendo como explicar.

— Difíceis — ele terminou por mim. — Eu percebi.

Ficamos em silêncio por um momento.

— Eles sempre foram assim com você? — perguntou Sebastian, sua voz mais suave agora.

— Não é nada demais — eu disse rapidamente, desviando o olhar. — Eles só... têm expectativas diferentes para mim e para o Chris.

— Oliver.

Havia algo em sua voz que me fez olhar para ele novamente.

— Você não precisa mentir para mim. Não depois de tudo que aconteceu hoje.

Senti minha garganta apertar:

— Eles não são ruins. Só... nunca souberam lidar comigo sendo... diferente.

Sebastian se aproximou e se sentou na cadeira da escrivaninha, de frente para mim:

— E você acha que é culpa sua?

A pergunta me pegou desprevenido.

— Eu... não é culpa de ninguém.

— Isso não foi o que eu perguntei.

Olhei para minhas mãos:

— Às vezes sinto que se eu fosse mais como Chris, se tivesse feito escolhas diferentes...

— Oliver.

Sua voz era firme agora.

— Olhe para mim.

Relutantemente, levantei os olhos.

— Não há nada de errado com você. Nada.

As palavras foram ditas com tanta convicção que senti meu peito se apertar de uma maneira estranha.

— Eu precisei mentir para eles sobre ter um namorado — sussurrei. — Que tipo de filho precisa mentir sobre isso?

— O tipo que tem pais que o fazem se sentir mal por ser quem é — ele respondeu sem hesitar.

Ficamos nos encarando por um momento longo, e senti como se ele estivesse vendo mais de mim do que eu gostaria de mostrar.

— Bem — ele disse finalmente, se levantando e pegando o paletó —, amanhã você pode tirar a manhã para arrumar suas coisas. Vamos precisar manter as aparências, então... você vai ter que se mudar para meu apartamento.

Realidade. Ali estava ela novamente.

— Sebastian — eu comecei —, sobre isso tudo... as regras, as expectativas...

— Conversamos sobre isso amanhã — ele me interrompeu gentilmente. — Foi um dia longo para nós dois.

Ele caminhou até a porta, então parou e se virou para mim uma última vez.

— E Oliver? Pare de se desculpar. Nós dois nos metemos nessa situação. Agora precisamos descobrir como sair dela... ou como torná-la funcional.

Depois que ele saiu, fiquei sentado sozinho no meu quarto pequeno, olhando para a aliança no meu dedo.

Em menos de 24 horas, minha vida inteira havia mudado.

E a única coisa que eu sabia com certeza era que Sebastian Blackwood era ainda mais complicado do que eu havia imaginado.

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