Capítulo 2

Simplesmente o beijei.

Foi um beijo desesperado, caótico, desajeitado — rápido demais, tenso demais — mais um encontro abrupto de lábios do que qualquer coisa remotamente romântica.

Mas foi o suficiente para que meu mundo inteiro mudasse de cor para sempre.

Sebastian ficou completamente, absolutamente imóvel por um segundo que pareceu se esticar por uma eternidade dolorosa.

Seus lábios eram infinitamente mais macios do que eu havia imaginado em todos os meus sonhos secretos e patéticos, e por um momento completamente insano, pensei — jurei — sentir uma leve pressão de volta.

Como se, por uma fração microscópica de segundo, ele tivesse correspondido.

Mas provavelmente era só minha imaginação desesperada.

Quando finalmente me afastei, tremendo, nossos rostos ainda estavam perigosamente próximos — centímetros apenas separando nossas respirações.

Pude ver cada detalhe hipnotizante dos seus olhos escuros de perto, as pequenas manchas douradas que nunca havia notado, os cílios absurdamente longos, a surpresa e o choque ainda gravados em cada linha do seu rosto.

Sussurrei tão baixo que mal produzi som, baixo demais para meus pais ouvirem do outro lado da sala:

— Me perdoa. Por favor, apenas... me ajuda com isso. Eu imploro.

Então me virei rigidamente para meus pais com o sorriso mais falso, mais brilhante, mais desesperado da minha vida inteira.

— Desculpem a... efusividade. — Minha voz saiu estridente, mais aguda do que o normal, quase histérica. — Senti saudades dele. Muito.

Minha mãe estava completamente boquiaberta, os olhos arregalados, as bochechas levemente coradas de surpresa ou constrangimento.

Meu pai, por outro lado, parecia genuinamente satisfeito pela primeira vez em anos — como se finalmente, finalmente tivesse encontrado algo aprovável, algo digno na minha vida patética e decepcionante.

Sebastian ainda não havia dito uma única palavra.

Nem uma.

Podia sentir seu olhar pesado, intenso, praticamente queimando nas minhas costas como fogo vivo.

— Bem — minha mãe finalmente se recompôs, alisando a saia cara com as mãos trêmulas —, que... lovely. Sebastian, é um prazer imenso conhecê-lo finalmente. Oliver fala tanto sobre você.

Mentira. Eu nunca falei dele. Só menti sobre namorar com ele.

Foi então que ouvi sua voz pela primeira vez desde o beijo — desde que meu mundo havia implodido — baixa e perfeitamente controlada, mas com uma tensão vibrante por baixo que apenas eu parecia capaz de notar:

— O prazer é todo meu, Mrs. Miller.

O resto da visita interminável passou como um borrão confuso e sufocante.

Sebastian, sendo o profissional absolutamente consumado que sempre foi, representou o papel perfeitamente. Como um ator premiado.

Respondeu perguntas vagas e cuidadosas sobre nosso "relacionamento" fictício, foi charmoso na medida exata, sorriu nos momentos apropriados, e até mesmo

— Deus do céu — colocou a mão grande e quente na minha cintura quando meus pais tiraram uma foto para "guardar de recordação".

Senti aquele toque queimar através da minha camisa como brasa.

Mas eu sabia.

Pela rigidez quase imperceptível em seus ombros largos, pela maneira calculada como evitava meu olhar direto, pela tensão quase tangível vibrando no ar entre nós — eu sabia que havia cruzado uma linha perigosa e definitiva da qual não poderia nunca voltar.

Havia mudado tudo.

Destruído tudo.

Depois que meus pais finalmente saíram — satisfeitos, orgulhosos, radiantes pela primeira vez em anos — ficamos sozinhos no escritório enorme em um silêncio absolutamente ensurdecedor.

O tipo de silêncio que sufoca.

Sebastian se aproximou da janela panorâmica lentamente, as mãos enfiadas nos bolsos da calça do terno impecável, e ficou de costas para mim por longos minutos torturantes.

Observando a cidade lá embaixo.

Ou me ignorando.

Provavelmente as duas coisas.

Quando finalmente se virou, seus movimentos eram controlados, precisos, e sua expressão era completamente indecifrável — aquela máscara fria de CEO que ele usava tão bem.

— Precisamos conversar — disse ele, a voz perigosamente baixa e calma. Calma demais. — Agora.

E foi assim — naquele momento exato, com aquelas palavras geladas — que minha mentira inocente e desesperada se transformou no momento que mudaria nossas vidas para sempre.

Para melhor ou para pior, eu ainda não sabia.

Mas havia uma coisa que eu tinha absoluta certeza:

Nada jamais seria o mesmo entre nós novamente.

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