Capítulo 2
Se fosse o meu antigo eu, ao ouvir a proposta de Pedro, certamente teria feito um grande escândalo com ele.

E ele também conhecia meu temperamento. Depois de tomar essa decisão, ainda envolveu meus pais na conversa.

— Papai e mamãe já estão ficando velhos, cuidar da Eunice está ficando pesado para eles.

— Nesse momento, também deveríamos fazer um pouco de esforço...

Pedro ainda não tinha terminado de falar, quando nosso filho correu apressado até mim, balançando meu braço sem parar, com um tom totalmente manhoso.

— Mamãe, deixa a tia Eunice vir morar com a gente!

— Se você não gosta dela morando com vocês, eu posso ceder meu quarto.

— Mamãe, aceita o pedido do papai, vai...

O comportamento e o tom de Lucas, agora, eram algo que eu nunca tinha visto desde que ele nasceu.

Ele sempre foi como o Pedro, com uma expressão fria, e normalmente ignorava minhas tentativas de carinho.

Mas agora...

Ele estava realmente disposto a abrir mão do próprio conforto pela Eunice.

Meus dedos cravaram as unhas no pulso, deixando marcas vermelhas na pele.

Respirei fundo e, em silêncio, afastei a mão de Lucas.

— Concordo com a sugestão de vocês!

— Se não houver mais nada, vou descansar.

Virei-me e voltei para o quarto.

Entre o sono e a vigília, senti a porta do quarto sendo aberta, um vento frio entrou no ambiente.

Percebi que algo foi colocado na cabeceira da cama.

Mas o cansaço do corpo não me permitiu abrir os olhos.

Vagamente, ouvi a voz de Pedro.

— Olívia? Olívia!

Pedro, ao perceber que eu não respondia, sacudiu meu braço com força.

Uma dor intensa tomou conta da minha cabeça, e fui obrigada a abrir os olhos e encará-lo.

— O que foi?

Minha voz rouca não chamou a atenção de Pedro, que apenas me repreendeu.

— Com tanta coisa pra fazer em casa, como você tem tempo pra dormir?

— Preparei uma sopa nutritiva pra Eunice. Vou levar o Lucas comigo para entregar, lembre-se de arrumar a cozinha.

Que piada!

Anos de casamento com Pedro, e nunca soube que ele sabia cozinhar.

Durante todo esse tempo, sempre fui eu quem cuidou dele, e muitas vezes ele ainda ficava insatisfeito.

Enquanto eu me sentia tomada por um misto de emoções, a voz apressada de Pedro soou novamente.

— Tá esperando o quê? Vamos, mexa-se!

Eu conhecia bem o temperamento de Pedro.

Principalmente quando se tratava da Eunice, ele era insistente. Não queria perder tempo discutindo com ele, então saí da cama.

Ele, vendo meu movimento, saiu tranquilo com Lucas.

Assim que vi os dois sumirem, deitei novamente na cama.

Na manhã seguinte, fui acordada pelo barulho vindo de fora.

Assim que saí do quarto, ouvi a voz apressada de Pedro.

— Tenho um problema urgente na empresa. Depois de levar o Lucas pra escola, leve o café da manhã pra Eunice.

A porta se fechou.

A casa barulhenta voltou a ficar silenciosa.

Eu estava prestes a colocar a marmita sobre a mesa quando uma tontura forte me atingiu.

Tudo escureceu diante dos meus olhos, e só consegui ver Lucas correndo aflito na minha direção.

Será que...

Eles ainda se importavam um pouco comigo?

No entanto.

No fim, era só ilusão minha.

Quando abri os olhos de novo, ainda estava deitada no chão, o frio atravessando meus músculos, penetrando até os ossos.

— Papai, se não fosse eu ter saído correndo, o café da manhã da tia Eunice teria caído no lixo.

Pedro afagou a cabeça de Lucas e elogiou:

— Lucas, você foi ótimo! Se a tia Eunice souber disso, vai ficar muito feliz.

O assunto entre pai e filho era só sobre Eunice, sem se importarem comigo, caída no chão.

Senti uma pontada aguda no coração, como se agulhas repetidamente me perfurassem, e um gosto metálico subiu à garganta.

Me forcei a levantar, oscilando, com dificuldade.

O barulho não foi muito, mas o suficiente para chamar a atenção deles.
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