~Lyra~
Ela estava no fim do corredor. Cabelo preso num coque bagunçado. Um copo de cereal numa mão. E me olhando como se eu tivesse acabado de voltar de um assalto.
— Alô? — Ela acenou com a colher. — Eu estou te chamando faz tempo. Onde caralhos você se enfiou?
Minha boca abriu. Nada saiu.
Minha boceta pulsava. Eu ainda estava vazando. As coxas coladas.
A camisa dele pendia dos meus ombros como uma confissão. Preta. Grande demais. Provavelmente ainda cheirando ao suor dele.
Puta que pariu.
Abri a boca de novo, torcendo por um milagre, mas meu cérebro só fazia aquele ruído estático. Aquele em que tudo que ecoa é FODEU FODEU FODEU em caixa alta, repetindo como uma rádio de puta quebrada.
— Você estava com alguém? — Ela estreitou os olhos de repente, dando um passo à frente como uma predadora farejando segredo. — Espera aí... essa camisa é do meu pai?
Boom.
Foi isso.
Coração oficialmente parado.
Game over.
Lyra.exe travou.
Tentei sorrir. Saiu como um espasmo.
— Ah, eu... eu derramei algo