No tribunal, Valentim estava sentado, derrotado, sem o brilho habitual de outrora.
Ele manteve-se em silêncio até a chegada do mecânico e de sua família, quando seus olhos se encheram de um medo quebradiço.
— Excelentíssimo juiz, foi esse homem que me procurou para que eu assumisse a culpa no lugar daquela mulher.
— Na época, aquela mulher veio até mim para consertar o carro e perguntou como poderia fazer os freios falharem.
— Eu pensei que ela estivesse brincando e expliquei isso a ela, mas ela quis que eu fizesse algo nos freios.
— Recusei, mas não esperava que o carro acabasse sofrendo um acidente. Excelentíssimo juiz, eu sou inocente!
Desta vez, eu estava bem preparada. Ninguém imaginaria que a esposa do mecânico teria guardado uma gravação da época.
— Meu marido tinha acabado de conseguir um novo emprego, e eu quis registrar tudo para que nossos filhos soubessem o quanto ele se esforçava.
Apesar da gravação não ser muito nítida, a conversa entre Noemia e o mecânico foi ouvida por