128. Ameaça.
Caroline Hart
Eu não lembro de ter dormido.
Na verdade, acho que o sono se tornou um privilégio distante nos últimos dias. Depois que seu filho quase vira um receptáculo de feitiçaria demoníaca, dormir entra na lista de coisas que você sabe que precisa fazer, mas que o corpo simplesmente ignora.
Eu nem consegui cozinhar durante esses dias. A minha vida estava uma bagunça completa.
A madrugada caiu como sempre: lenta, silenciosa, arrastada. Gael havia finalmente pegado no sono, após mamar com a teimosia de um recém-nascido que já parecia carregar os traços do pai. Determinado, cabeça dura, faminto.
Damon ficou no andar de baixo, conversando com Victor sobre rituais, proteções, e maneiras nada sutis de matar uma bruxa milenar. Eu? Só queria um banho quente e vinte minutos de silêncio.
Foi quando eu ouvi.
Não o tipo de barulho que você ignora. Mas o tipo que te arranca da realidade.
“Caroline…”
A voz veio da varanda. Suave. Quase um sussurro.
Meu coração congelou. Eu conhecia aquela voz.