Damon ThornMe inclinei na poltrona, ainda com o gosto do maldito beijo queimando nos lábios.O que aquela mulher queria fazer comigo?Caroline Hart.A humana que apareceu do nada, despedaçada por dentro e mesmo assim... perigosa. Irritantemente atraente.Ela havia me beijado. E aquilo me tirou do eixo.Fazia tempo que ninguém me tocava daquele jeito.Fazia tempo que eu não desejava alguém com tanto ódio quanto fome.E o pior?Eu queria mais daquilo.Mas não era piedade o que me fazia querer protegê-la.Era algo mais bruto. Instintivo.Primitivo.E se Zion Wallace queria vê-la destruída...Então eu começaria por ele.Me levantei da cadeira, peguei as chaves e saí da construtora — a fachada humana que usava há anos para manter controle sobre as terras. Entrei no carro e dirigi, sem pressa, pelas trilhas de terra que levavam ao coração da propriedade.A floresta era um abrigo. Ali eu respirava com liberdade.Longe de olhos curiosos.Longe de regras humanas.Estacionei perto da Casa de R
Caroline HartPedir ajuda a Damon Thorn era uma das últimas coisas que eu queria fazer.Meus recursos estavam acabando. A pressão estava me esmagando por dentro. Eu sabia que ele podia me ajudar — o problema era o preço de dever algo ao meu chefe misterioso."O chefe gosta de alimentos frescos, Hart. Se faltar, você deve ir comprar." Daiana sussurrou enquanto eu lavava algumas frutas.Revirei os olhos. Ainda não entendia a dinâmica dessa casa. Damon parecia o centro de tudo. Não era só respeito… era algo maior. Instintivo. Quase... devocional.Mas eu tentava me dar bem com Daiana."Você está se saindo bem, humana."Arqueei a sobrancelha. Por que todos aqui falavam como se eu fosse de outro planeta? Como se eles soubessem de algo que eu não sabia?A cidade inteira era estranha.Às vezes eu ouvia ruídos na floresta. Outras, sombras nas janelas. Como se algo sempre me observasse.Mas eu ignorava.A água ainda escorria da torneira, mas minhas mãos já não estavam mais ali. Meu corpo lavava
Damon Thorn A terra úmida sob minhas patas era um alívio. Cada passo era uma descarga de tensão, cada salto sobre as pedras, uma tentativa de esquecer. A madrugada envolvia a floresta num manto denso, e o ar cortava como lâmina, mas eu não diminuía o ritmo.Aquela era a melhor hora para a minha fuga.A floresta era o único lugar onde eu não precisava fingir. Onde o Alfa e o homem podiam se fundir sem precisar dar satisfações. Correr era o único jeito de lembrar que eu ainda era vivo. Que não era apenas o Alfa de todos. Era o filho de dois fantasmas que a floresta nunca esqueceu.Os galhos riscavam o céu, e a lua cheia projetava minha sombra sobre a relva. Meus sentidos estavam aguçados, cada barulho, cada cheiro, cada vibração no solo. Era como se o mundo respirasse comigo.Então...O cheiro do sangue.O som de um grito.A neve.O corpo dela.Os olhos da minha mãe se encontrando com os meus por um segundo que durou para sempre.Tentei frear, mas a lembrança me paralisou no meio da tr
Caroline Hart Acordei sobressaltada.Meus dedos apertavam o cobertor como se algo tivesse me assustado — mas não havia som, nem luz, nem movimento. O chalé estava mergulhado no mais silêncio.Me levantei devagar, ainda desnorteada, tentando entender por que meu corpo estava em alerta. Talvez tenha sido um sonho. Ou talvez…Caminhei até a janela e abri a cortina com cuidado.O frio da manhã ainda envolvia a floresta como um manto. A névoa era mais espessa que o normal, e por um segundo eu não vi nada. Então…Meu coração parou.Entre as árvores, a uns cinquenta metros de distância, havia uma silhueta. Parada. Observando.Pisquei várias vezes, tentando ter certeza. Era uma figura masculina. Alta. Ombros largos. O rosto escondido pela sombra e pela neblina.Dei um passo para trás instintivamente. Mas, assim que fiz isso… ele desapareceu."Não pode ser."Pus um casaco por cima do pijama e saí do chalé sem pensar duas vezes, os pés afundando na grama molhada. Caminhei até o ponto ond
Caroline Hart Estar dormindo só há alguns metros de distância de Damon me causava ansiedade.A primeira coisa que fiz quando acordei foi tocar a garganta, como se a ameaça que disparei ainda estivesse presa ali. Eu havia feito. Eu enfrentei Zion. E, por mais que não admita em voz alta... só consegui porque ele estava comigo.A luz entrava fraca pelas janelas altas. A mansão era absurdamente silenciosa, como se os corredores estivessem esperando eu acordar para existirem de novo.Coloquei um casaco por cima da camisola e caminhei até a cozinha, descalça, tentando não fazer barulho. Se Damon ainda estivesse dormindo, eu preferia evitar irritá-lo.Mas ele já estava lá.Sentado à cabeceira da mesa de madeira maciça, com uma xícara de café nas mãos e o olhar perdido na janela. A camisa branca com as mangas dobradas e os cabelos um pouco bagunçados davam a ele um ar perigosamente... humano.Ele me viu, e por um instante, algo brilhou em seus olhos. Mas logo desapareceu.“Você é rápida para
Caroline HartAbri o guarda-roupa, procurando por um casaco.Me deparei com um novo — macio, escuro, perfeitamente dobrado.Damon...Só podia ser ele.Suspirei. Eu não sabia o que ele pretendia ao me levar para fora, mas, de algum modo, a ideia de estar com ele longe da casa — sem paredes, sem regras — fazia meu estômago se revirar.Vesti o casaco. O cheiro dele estava impregnado no tecido.Meu celular vibrou em cima da cômoda.Atendi no impulso."Carol! Você sumiu!" ele disse, com a voz carregada de preocupação. "Tá viva nesse fim de mundo?"Sorri, aliviada por ouvir aquela voz familiar."Estou bem, Dan. O sinal aqui é péssimo, por isso não consegui ligar antes.""Desde que soube do que o Zion fez, fiquei em alerta. Você sabe... você é minha filha, Carol. Mesmo não sendo de sangue."Engoli em seco. Ele não precisava dizer aquilo. Eu sabia."Quando minha mãe morreu, só restou você," sussurrei. "E você sempre foi o meu pai. O único que conheci. Te amo, e darei noticias.""Também te amo
Damon ThornA floresta sussurrava.Eu sabia que alguma merda não estava certa aqui."Maldição."O cheiro no ar era inconfundível — ferro, lã molhada, sangue seco.Cheiro de lobo. Mas não da minha alcateia.Corrompido. Selvagem demais. Errado demais.Caroline ainda admirava o lago, encantada, até que seus olhos se fixaram nos meus. Ela sentiu.O lobo em mim estava em alerta.“Damon?” ela perguntou, hesitante.Levantei uma mão.“Não se mexa,” murmurei.E então, ouvimos.Um galho se partindo. Não por acidente.Me movi com velocidade, empurrando Caroline para trás de mim.“Tem alguém nos seguindo.”“Quem? Um animal?”“Não sei.” Menti." Às vezes caçadores entram aqui."Mas eu sabia.Três presenças.Pulsando como trovões abafados.O cheiro era denso, familiar… e ainda assim, manchado. Como algo que já havia cruzado o limite da selvageria e não podia mais voltar.Um rosnado veio da escuridão.Ela agarrou minha camisa pelas costas.Eu avancei um passo.“Mostre-se.” Minha voz foi um comando.N
Caroline Hart O cheiro de café fresco preenchia a cozinha enquanto eu mexia a frigideira distraidamente.Era como se, se eu me concentrasse em algo normal — ovos fritando, torradas dourando — eu pudesse esquecer o que tinha acontecido naquela floresta.Mas era inútil.A lembrança da noite anterior ainda latejava sob minha pele.Os olhos de Damon brilhando no escuro. O som dos passos na névoa. A sensação de ser perseguida.Fechei os olhos por um segundo, respirando fundo.Eu estava assustada, e apesar de saber que esse lugar era distante e recluso, eu não esperava tanta loucura.A mesa estava posta para o café da manhã, mas a casa parecia vazia.Victor e os outros andavam em silêncio, tensos.Algo pairava no ar, algo que eu não conseguia nomear — ainda.Peguei o celular da bancada.Nenhuma ligação de Zion. Nenhuma nova ameaça.Era estranho.Ele, que sempre fora insistente, agora estava… quieto.Quieto demais.O que, na verdade, eu deveria agradecer a Damon, se ele estava quieto, é por