A batalha ainda reverberava pela floresta. O som dos uivos e das lâminas cortando o ar já não eram tão intensos, mas a tensão no campo de batalha persistia, como uma tempestade prestes a eclodir. Alicia, embora vitoriosa em sua luta contra Caelus, ainda sentia o peso da guerra que se aproximava. Algo estava prestes a acontecer, algo que ela não podia controlar. Ela sentia isso em cada fibra do seu ser.Kael estava ao seu lado, sua presença protetora inconfundível, mas seus olhos estavam fixos na figura que surgia nas sombras. A bruxa, que até agora havia se mantido à margem, finalmente fez seu movimento. Seus passos silenciosos, quase como uma dança sombria, fizeram com que o ar ao redor deles ficasse ainda mais denso. O cheiro de ervas e magia negra parecia envolver a todos, criando um clima de presságio.Alicia sentiu seu coração acelerar. Não era apenas a batalha com Caelus que a fazia tremer, mas algo que ela ainda não conseguia compreender totalmente. Ela sabia que a bruxa estava
O ar explodiu com um estrondo quando a magia da bruxa colidiu com a energia da lua. Raízes se ergueram do chão como serpentes, envoltas em sombras, tentando prender Alicia e Kael enquanto a bruxa flutuava alguns centímetros acima do solo, os olhos vermelhos brilhando com uma fúria antiga. A floresta inteira parecia conter o fôlego.Kael avançou primeiro. Um rugido selvagem rasgou sua garganta quando ele assumiu parcialmente sua forma de lobo, os olhos prateados incandescentes. Ele saltou contra a bruxa, garras estendidas, pronto para dilacerá-la. Mas ela já estava esperando.Com um gesto sutil, quase preguiçoso, a bruxa invocou um escudo feito de ossos e sombras. A barreira repeliu Kael com uma força brutal. Ele caiu pesadamente contra uma árvore, o tronco rachando com o impacto, mas ele se levantou, cuspindo sangue, os músculos tensionados em pura fúria.Alicia ergueu os braços, canalizando a força da lua. Uma onda prateada varreu a clareira, cortando raízes, dissipando feitiços. A b
A floresta estava em silêncio. O campo de batalha, agora manchado de sangue e cinzas, parecia ter parado de respirar por um instante. Alicia e Kael se ergueram, seus corpos recuperados pelo poder de Alicia, e a luz da lua parecia refletir em suas peles como uma bênção. A energia da lua ainda pulsava em seus corações, mais forte do que nunca, e os dois estavam prontos para finalizar a luta, eliminar a bruxa e encerrar aquela guerra infernal.Kael estava ao lado de Alicia, a respiração agora mais calma, a dor de antes substituída pela força renovada. Seus olhos fixaram-se na bruxa, que se mantinha no topo da pedra, com um sorriso cruel no rosto. Ela ainda estava envolta em uma aura de sombras, sua magia negra girando ao redor dela como serpentes ameaçadoras.Mas não havia mais medo nos olhos de Kael. A morte estava atrás deles, mas a vida estava à frente, com Alicia ao seu lado, mais poderosa do que ele jamais imaginara. Ele sabia que aquilo era o fim. Não haveria mais fuga.Alicia sent
O dia seguinte amanheceu silencioso, como se a floresta estivesse respirando profundamente, se recuperando do caos da noite anterior. As árvores, que haviam sido agitadas pela força da batalha, agora pareciam mais calmas, como se soubessem que a guerra havia acabado, mas o custo havia sido alto.Alicia estava ao lado de Kael, ambos sentados à beira da clareira onde a luta contra a bruxa e suas forças havia acontecido. O ar ainda estava carregado com o cheiro de terra molhada e o leve eco de uivos distantes, como um lembrete de que, embora a batalha tivesse terminado, a guerra ainda estava longe de ser vencida.Kael estava olhando para o horizonte, seus olhos penetrantes fixos em algo além da visão de qualquer um. Ele parecia mais distante, mais pesado, como se o peso de tudo o que havia acontecido ainda estivesse se formando em sua mente. Alicia observava o Alfa com atenção, sentindo a tensão que ele carregava consigo. A marca da lua ainda brilhava em sua pele, mas agora havia algo ma
Alicia e Kael chegaram à casa de sua mãe no final da tarde, depois de uma viagem tensa e silenciosa. A casa ficava à margem da floresta, um lugar tranquilo, mas não isolado. As árvores altas à distância pareciam vigiá-las, mas estavam longe o suficiente para que a paisagem fosse calma e acolhedora.Alicia sentia o peso da batalha ainda nos ombros, mas também sabia que precisava falar. Sua mãe sempre teve a sabedoria de perceber os momentos certos para agir, e ela já sabia que algo profundo havia mudado em sua filha.Ao abrir a porta da casa, Alicia sentiu o calor familiar do lar, mas algo dentro dela dizia que o que viria agora mudaria a dinâmica daquela casa para sempre. Kael ficou ao seu lado, silencioso, mas com uma presença protetora. Ele não a deixaria sozinha, não importa o que fosse revelado.A mãe de Alicia estava na sala, sentada em uma cadeira, com os olhos fixos no fogo que queimava lentamente na lareira. Ela sabia que sua filha estava prestes a passar por algo importante,
O cheiro da chuva pairava no ar. Pesado, úmido, misturado ao perfume fresco da terra e ao toque metálico de algo prestes a acontecer.Alicia não sabia o que a havia levado até ali — à estrada esquecida que cortava os limites da floresta. O céu estava encoberto por nuvens escuras, e a lua, mesmo escondida, lançava um brilho pálido que pintava o caminho com sombras inquietas. Cada passo que ela dava parecia guiado por um instinto que não era seu… mas que, ao mesmo tempo, sempre estivera ali, adormecido.Ela se abraçou, esfregando os braços com as mãos frias. O casaco fino não era o suficiente para o vento que atravessava a noite como um sussurro antigo. Ainda assim, ela não parou.Desde a infância, carregava aquela sensação incômoda — como se algo nela estivesse deslocado do resto do mundo. Os médicos chamaram de ansiedade, os amigos de drama, e sua mãe… sua mãe nunca explicou nada. Apenas desviava o olhar sempre que os olhos de Alicia refletiam o brilho amarelo sob certas luzes. Como se
Alicia correu. Sem destino, sem pensar. Seus pés mal tocavam o chão da estrada de terra, como se a pressão do ar e o peso de seus próprios pensamentos a levassem mais rápido do que seus músculos podiam suportar. O som das batidas fortes de seu coração ecoava em seus ouvidos, abafando tudo ao seu redor. Mas o que ela não conseguia ignorar era o calor de Kael — uma chama quente e inclemente que parecia queimar atrás dela, em cada passo que dava.Ela se viu novamente na cidade, as ruas iluminadas por postes de luz amarelada, a confusão mental ainda martelando sua cabeça. "Ele... o que foi aquilo? O que está acontecendo comigo?" Pensamentos se atropelavam, mas havia algo que não podia negar: o lobo dentro dela, o que ele representava, o poder. A dor da marca ainda ardia, como se fizesse parte de seu corpo agora. Um peso a mais, um fardo ou talvez um presente, ela não sabia.No entanto, algo dentro dela não queria ceder, não queria ser marcada. Não queria ser parte desse jogo. Ele podia se
Alicia não conseguia dormir. Mesmo com os olhos fechados, a imagem de Kael ainda estava lá, firme em sua mente, como uma sombra que a seguia. O cheiro dele — forte, selvagem — parecia impregnado em seu próprio corpo, como se ele tivesse deixado sua marca em cada parte de sua pele. A marca, a marca dourada que ainda queimava em seu ombro, lembrava-lhe constantemente que não podia fugir, não importava o quanto tentasse.Ela virou de lado na cama, os lençóis amassados ao redor de seu corpo. O vento frio batia contra a janela, mas nada parecia capaz de acalmá-la. Por mais que tentasse racionalizar a situação, uma parte de si se recusava a acreditar no que sua mãe havia dito. Era demais para absorver de uma vez. Ela, filha de uma loba exilada da matilha Draven? O destino, a linhagem dos “Lobos da Lua”? Isso era loucura, não podia ser verdade.Mas a dor da marca não mentia.Alicia se levantou, andando pela casa em silêncio. A casa estava vazia, como de costume. Sua mãe havia saído, provavel