CAPÍTULO 37
NARRATIVA DO AUTOR
O cheiro de pólvora ainda queimava no ar. As últimas rajadas ecoavam no fundo da ladeira, como trovões atrasados de uma tempestade que já tinha passado. Mas todo mundo sabia: a chuva podia voltar a qualquer momento.
O chão estava sujo de cápsulas e sangue fresco. Dois corpos inimigos jaziam caídos perto da escadaria, ainda fumegando de tiro. Mais abaixo, os soldados do morro arrastavam outro, jogando-o no beco como lixo.
RB estava sentado na cadeira de couro no salão principal, o braço pressionado com um pano ensanguentado. O ferimento queimava, mas ele mantinha o queixo erguido. Os soldados entravam e saíam trazendo notícias.
— Três no chão deles, dois nosso… e o comandante foi confirmado morto. — disse Sombra, ainda com o fuzil pendurado no ombro.
RB deu um sorriso frio. — Então a mensagem tá dada.
Lá fora, os becos estavam sendo lavados com baldes d’água pra apagar o sangue. O baile tinha virado vigília. As patroas reuniam as crianças numa ca