CAPÍTULO 35
NARRATIVA DO AUTOR
A guerra começou antes mesmo do sol nascer.
Enquanto Lavínia descansava com o bebê recém-descoberto crescendo no ventre, a casa no morro virou quartel-general. Sombra passou a madrugada inteira no porão com Dona Lúcia amarrada a uma cadeira de ferro, os braços presos pra trás, os olhos arregalados, o avental já encharcado de sangue.
Não precisou muito.
Na primeira maderada que tomou nas pernas um golpe seco, certeiro, que estalou os ossos e arrancou um urro animal da garganta dela. Dona Lúcia entregou tudo.
— FOI A MIRTES!
ela gritou, cuspindo sangue e desespero. — FOI ELA QUE ME MANDOU!
Sombra estreitou os olhos.
— Mirtes o quê?
— Mandou eu envenenar a Lavínia! Antes dela conseguir dar um herdeiro ao RB! Era pra ela morrer lá fora, em solo italiano, pra parecer coisa de máfia rival!
O silêncio que se seguiu foi mais ameaçador que qualquer grito. Os soldados se entreolharão.
Sombra se aproximou, abaixando devagar até ficar com o rosto na alt