— Você pode ajudar o garoto? — Tornei a perguntar.
— Por quê? — Olhei para ele sem entender. — Por que você quer tanto ajudar ele? Tudo bem, não foi ele que atirou em você, mas ele também teve culpa. — Ele parecia furioso ao falar, mas eu sabia que não era direcionado a mim a sua raiva.
Nunca o vi tão zangado.
— Não quero que ele seja mais um nas estatísticas. — Respondi baixo, ele me encarou confuso. — Ele ainda tem a chance de ter um futuro melhor. Ele pode achar que não tem outra escolha a não ser recorrer a uma vida fácil através da violência, mas não é verdade. Ele precisa ver que há outras escolhas. — Suspirei. — Antes de te conhecer e Lourdes consegui o trabalho no hotel de Cláudia, pensei muito em vender meu corpo...
— Mas, por que você pensaria algo assim? — Não havia crítica em sua voz ou fisionomia, mas sim curiosidade.
— Quando Mainha morreu, fiquei desesperada, pois com o tempo, o dinheiro foi se tornando cada vez mais raro. Procurei durante meses um emprego, ma