ZOE
*
Eu sabia que estava me arriscando demais ao ter conversas tão íntimas com alguém que poderia, sem o menor esforço, destruir o meu coração. Era como caminhar por uma corda bamba, de um lado, o medo do abismo, do outro, a esperança de ser acolhida por braços que me sustentassem.
Eu não sabia ao certo quem era o Victor. Tudo que eu conhecia era a versão que ele escolhia me mostrar, a de um homem com problemas conjugais, prestes a se divorciar e que em breve seria pai.
Mas algo dentro de mim sussurrava, suave e constante... “Arrisca. Confia só um pouquinho. Talvez ele seja aquele amor que você tanto quis viver.” E eu queria. Queria muito.
Tentei me convencer de que não havia mal algum em mergulhar devagar. Acontece que, quando percebi, já estava completamente submersa.
Me entreguei a conversas que poderiam me levar à ruína, mas também poderiam me salvar. Salvar de mim mesma, da vida que vivi entre as paredes de uma casa cheia de regras ditadas por um homem que sempre exigiu perfei