Quando eu cheguei no hotel, tomei banho, pedi algo para comer e enquanto me alimentava eu fiz uma pesquisa rápida por advogados na região. Resolvi então ligar para um com ótimas recomendações e ele agendou a reunião no período da tarde.Eu dormi por duas horas e depois me arrumei para ir até o escritório dele.— Bom dia, Victor. Pode ficar à vontade. Quer um café, uma água?— Água, por favor. Minha cabeça tá quente demais pra café hoje.— Claro.Então, você mencionou por telefone que quer dar entrada no divórcio. Quer me contar com calma o que tá acontecendo?— Olha, eu aguentei por mais tempo do que devia. A Brenda virou outra pessoa, doutor. Toda a renda que entra, minha parte, a dela, some em compras. A gente mora de aluguel, não tem casa própria, não tem reserva, nada. E ela, vive como se fosse rica.— Entendo, e você chegou a conversar com ela sobre isso?— Inúmeras vezes, mas nada adiantou. Depois passou a me tratar como se eu fosse o chato da história. A última briga foi pesada
Zoe*No dia seguinte, acordei com uma sensibilidade estranha, era a mistura de querer ver o Victor, ao mesmo tempo querer passar o dia todo deitada na cama. Eu cheguei a culpar os meus pais por me privar de tantas coisas, aquele excesso de curiosidade e facilidade em me entregar pra um estranho era por falta de experiência, eu não vivi na prática como os homens poderiam ser manipuladores e cruéis. Apesar de eu desejar muito o Victor, eu precisava colocar um limite, eu era apenas uma jovem tentando conhecer o mundo na sua real forma, mas conhecer esse mundo com um homem casado não era certo.Tomei um banho e me arrumei para a aula, sem nenhuma expectativa, tudo o que eu queria para aquele dia, era estudar e ignorar completamente a beleza indecente daquele professor profano.— Bom dia, mamãe.Falei ao sentar na mesa para o café da manhã.— Bom dia filha. Você está bem?— Sim,estou. E a senhora? Já está pronta para a aula de Yoga?— Sim, tenho andado um pouco tensa, eu estou mesmo prec
Eu me recusei a continuar chorando por aquele professor. Não, eu não iria me mostrar frágil diante dele, nem diante do espelho. Já bastava o estrago emocional que ele estava causando em mim, eu não podia ceder mais. Com os olhos ainda avermelhados e a respiração ofegante, fui para o chuveiro como quem tentava lavar não só o corpo, mas a alma. A água morna escorria pela minha pele e encontrava o calor que já nascia dentro de mim de novo. Eu senti a minha vagina lisa, sensível, pulsando, como se tudo o que ele havia feito ainda ecoasse ali.Eu comecei a movimentar os meus dedos, com os olhos fechados, enquanto a água escorria pela minha pele, e pensei na voz, na respiração, em tudo que ele representava, e gozei novamente.— Que ódio. Eu odeio esse professor por acabar com o meu juízo dessa forma.Falei, ainda sentindo minha vagina pulsar.Me vesti decidida a não deixar mais que ele jogasse comigo. Fui até a biblioteca pronta para ignorá-lo, para mostrar frieza, para ser racional. Mas ba
VICTOR *Quando a noite chegou, eu olhei o celular e haviam outras mensagens da Brenda.— Vai continuar me ignorando? Mesmo sabendo da sua responsabilidade?Eu comi um lanche rápido, me arrumei e fui até o nosso apartamento sem avisar. Eu estava contando com a possibilidade dela estar trabalhando.Quando eu cheguei, havia um carro na garagem, e eu nunca havia visto aquele carro antes.Eu usei as minhas chaves para entrar no apartamento bem devagar, na sala havia duas taças de vinhos, uma com batom, e a outra sem.Ver aquilo fez o meu coração acelerar, eu sabia exatamente o que aquilo significava.Tirei os sapatos, e caminhei lentamente até o nosso quarto, sem fazer barulho, mas do corredor já dava para ouvir os gemidos da Brenda.— Ah, mete mais forte, ah, isso, me come gostoso.Os grunhidos de um homem que não era eu, me fez paralisar no meio do corredor, eu senti a minha garganta seca, minha respiração pesada, e o ódio tomar conta de mim.— Puta gostosa.Aquela voz masculina...Eu t
ZOE *No horário do almoço, senti vontade de continuar trancada no quarto, mas a fome me obrigou a sair.— Onde está minha mãe, Lúcia?— Ela disse que não iria almoçar e pediu apenas um chá, já estou levando para ela.— Que estranho. Me dê aqui, deixe que eu levo.Eu peguei a bandeja, e fui em direção ao quarto dela. Bati na porta e esperarei ela autorizar a minha entrada, e o que eu vi foi a cena mais deprimente que já presenciei.— Mamãe...Deixei a bandeja na mesa e caminhei em passos largos em direção a ela, que estava sentada no chão, com os olhos vermelhos, e vários papéis que ela certamente havia usado para limpar o nariz ao redor dela.— O que aconteceu? Porque você está assim?Eu nunca havia visto a minha mãe se quer chorar, então ver ela daquela forma me assustou.— O que você faz aqui, Zoe? Não era para você me ver assim. Cadê a Lúcia? Porque não foi ela a trazer o meu chá?— Eu estranhei o fato da senhora não ir almoçar comigo, ela me disse que iria trazer um chá para voc
Já estava bem tarde quando o meu pai chegou do trabalho, e aquela era a primeira vez que eu o vi chegar naquele horário. Eu olhei pela janela e o vi estacionar o carro próximo ao jardim. Eu não tinha o costume de recebê-lo, mas naquele momento era tudo que eu queria fazer.A minha vontade era de confrontá-lo, perguntar o que estava acontecendo, ou o que ele havia feito com a minha mãe, mas eu não tinha esse direito, não até descobrir se havia outra mulher na vida dele.— Zoe? Tudo bem?Ele perguntou ao atravessar a porta e dar de cara comigo.— Tudo. Como foi o seu dia hoje? Chegou tarde.Ele franziu o cenho, provavelmente estranhando a minha pergunta, e eu gostaria muito de ter o poder de ler mentes naquele momento.— Hoje tive muitas reuniões. Foi cansativo como sempre. Obrigado por perguntar.— O senhor sabe o que a mamãe tem? Ela passou o dia no quarto hoje, não quis nem me receber.Houve um completo silêncio, o maxilar dele ficou rígido, e ele desviou o olhar de mim antes de resp
Meia hora depois, eu estava prestes a jogar a minha cabeça fora de tanto colocar ela para trabalhar, quando a Lúcia bateu na porta.— Zoe, você não vai jantar?Eu abri a porta e encarei a Lúcia, antes de responder algo que parecia tão absurdo.— Já vai dar 22:00hrs, quando na sua vida você viu a gente jantar tão tarde? Você viu a hora que o meu pai chegou? No máximo ele chega às 18:00. Que porra está acontecendo com essa família?— Eu não sei Zoe. Mas a sua mãe e seu pai já estão na mesa.— Minha mãe? E como ela está?— Ela com certeza teve dias melhores.Eu não queria ir jantar, mas fui para que a minha mãe não ficasse sozinha com o meu pai.Quando eu cheguei na sala de jantar, os olhos da minha mãe estavam inchados de tanto chorar, e aquilo me deu ainda mais ódio.Eu sentei silenciosamente, e depois encarei o meu pai.— Porque a minha mãe está desse jeito?Eu poderia perguntar diretamente para ela, mas eu queria ouvir a resposta dele.Ele ficou em silêncio, e encarou a minha mãe com
ZOE * Dinheiro nunca foi um problema pra minha família, exceto pra mim, afinal os meus pais usavam o dinheiro pra me impedir de ter uma vida normal. Eu sempre soube que filhos precisavam de limites, porém os limites que eles estabeleceram pra mim era um verdadeiro tormento. Eu sempre fiquei me perguntando como surgiu a ideia na cabeça da minha mãe que meninas precisavam fazer balé? Ela usava a desculpa de que era elegante e que me ajudaria com a minha postura, mas postura era tudo o que eu não queria ter. Ir pra escola? Jamais... Na cabeça dos meus pais, as más influências poderiam prejudicar o meu futuro, então durante toda a minha vida, eu estudei em casa. Eu sentia inveja ao ver garotas da minha idade felizes indo estudar com as amigas. Quando eu estava no último ano do ensino médio, meu pai começou a procurar professores pra me preparar pra entrar nas universidades, eu queria fazer artes, mas ele disse que medicina seria o ideal pra mim, e por isso eu teria que e