SARAH
Estou prestes a completar vinte e sete anos, enquanto minha filha logo fará onze. Nunca me arrependi de tê-la. Nunca cogitei abandoná-la. Sei que algumas mulheres tomam essa decisão por não terem outra escolha, e jamais as julgaria.
Às vezes, a única forma de garantir segurança a uma criança é entregá-la para adoção. Mas o que não aceito é a crueldade. Não consigo entender como alguém pode fazer mal a um ser indefeso, a uma criança que não pediu para nascer e que não tem culpa de nada. Pensar nisso me revolta tanto que prefiro afastar esses pensamentos.
Observo Lunna adormecida no sofá. Ela não aguentou ver nem dez minutos do filme antes de apagar. Provavelmente está exausta depois de patinar a tarde inteira. Um sorriso surge no meu rosto. Com cuidado, a pego no colo e a levo para seu quarto. A deito, cubro-a e deixo um beijo suave em sua testa. Ela é o meu mundo.
Com a casa em silêncio, aproveito para tomar um banho rápido e vestir algo confortável. Ou pelo menos o que deveria