Cap. 30: Da desventura uma ventura
— Esse banco é público, ou você cobra entrada? — disse uma voz masculina, bem-humorada, mas não invasiva.
Maya olhou para o lado com cautela.
Era um jovem, talvez com uns vinte e quatro anos, alto, de corpo esguio — o tipo de pessoa que parecia caminhar muito pela cidade. Talvez um universitário, ou alguém que simplesmente pertencia às ruas. Usava jeans escuros, um tênis simples e uma camisa de linho de botões abertos sobre uma camiseta clara. Tudo limpo, bem ajustado, com aquele toque elegante que vem de quem não tenta demais, mas acerta mesmo assim.
Seus cabelos castanho-escuros estavam um pouco desalinhados, como se o vento sempre passasse por ali primeiro. Os óculos de aro fino davam a ele um charme intelectual, e embora fosse discreto, era impossível ignorar os traços marcantes do rosto — a linha do maxilar bem desenhada, os olhos atentos, quase gentis demais para um desconhecido. Ele era comum... mas com algo cativante. Uma beleza que nascia da