Hoop

O cheiro do pão recém-saído do forno de Marluce tomava o ar, se misturando ao aroma das ervas que ela mexia na panela. Eu estava sentada à mesa, mas minha mente ainda repassava cada palavra da profecia, como se estivesse gravada na minha pele. O barulho dos talheres era baixo, e percebi que todos estavam ali, Connor, Meg, Hand, Erick, Egohen e a própria Marluce. Todos pareciam mergulhados nos próprios pensamentos.

Suspirei e quebrei o silêncio.

— A profecia… desde que a ouvimos, carrego cada palavra como se fosse um peso. Eu… passei tempo demais fugindo. Tempo demais me escondendo atrás das feridas.

Meg ergueu o olhar e encostou os cotovelos na mesa.

— Você não estava se escondendo, Hoop. Você estava se curando.

— Não, Meg… — balancei a cabeça. — Curar é se preparar para seguir. Eu só estava sobrevivendo. E isso não é viver.

Hand cruzou os braços, a voz grave e direta:

— Então, o que você vai fazer agora? — Direto como sempre.

Respirei fundo.

— Não dá mais para viver com medo.

C