Luna
Acordei sendo carregada pelos braços de Lancelot, bom, eu pelo menos sabia o nome dele e que ele estava me ajudando e tão triste quanto eu. A única coisa que eu sei é que ele odeia feiticeiros, faria qualquer coisa para soltar ao menos uma faísca dos meus dedos, só pra ver qual seria sua reação, ele me mataria?— Pode me pôr no chão, por favor? — Pedi sem fazer muito movimento.— Há quanto tempo está acordada? — Sua voz estava cansada.— Tenha certeza que não muito. — Após me colocar no chão, eu firmei meus pés na terra e então eu vi que já era noite e estava tudo escuro. — Eu só preciso de alguns minutos e vou ficar bem, conseguirei andar sozinha.— Mesmo que ande sozinha, iríamos demorar mais que o esperado, está fraca e se continuar assim por muito tempo não vai sobreviver.— Não estou morrendo, apenas cansada. — Respondi em meio a um longo suspiro, quase caí ao encostar minha mão em uma árvore que eu poderia jurar que estava ao meu lado, mas estava muito longe e eu estava tendo reflexos estranhos.— Não tenho a noite inteira pra isso. — Lancelot me pegou em seus braços e me colocou em seu ombro. — Assim vamos chegar mais rápido, estou com mais energia que você.De repente ele começou a correr e eu então me assustei, pois não era coisa de humano isso. Eu estava buscando força dentro de mim para que algum vestígios de feitiço viesse a surgir, para que pudesse ao menos me defender. A lua estava nos seguindo e eu sabia disso, seu corpo estava ficando maior e sua respiração ofegante demais. Quando pensei em dizer algo, vi algumas cabanas destruídas, ele então me pôs no chão e saiu me deixando para trás.— Venha! — Ele ordenou e ao entrar onde estavam todos, eles começaram a fazer reverências a ele que se manteve calado até entrar em uma casa de pedra.Havia cortinas douradas por todos os cantos, muitas coisas de ouro e algumas garrafas com uns líquidos de cores diferentes, algumas que eu nunca tinha visto.— Coma e vá descansar um pouco. Amanhã terá que decidir sua vida. Se quiser , amanhã terá que me dizer de onde veio.— Eu não tenho o que dizer! Já disse que vim de Oneduz.A verdade é que eu não tinha mais para onde ir, não tinha mais casa e agora eu não sei quantas pessoas estavam querendo a minha cabeça. Porque, meu pai e meu avô morreram, mas a família era enorme e muitos deles sobrevieram e até presenciaram a cena. Eu tinha que aceitar e ficar, precisarei mentir sobre quem eu sou, até que eu encontre uma maneira de ir embora.— O que sua mãe fez para ser morta?— Ele era esposa de Ulisses Crowler. Éramos uma família conturbada e os lobos a mataram.— Não foram os lobos, foi seu avô. Você deve ser a menina dos olhos dos deuses. Ouvimos falar sobre você algumas vezes e sobre seu nascimento. Queria dizer que é bem-vinda em minha alcateia. — Então ele era um lobo? ficar, será bem-vinda. Mas, preciso que me diga de onde veio e o que levou a vossa mãe à morte.— Já disse, sou de Oneduz. Os malditos lobos mataram a minha mãe, junto com as tropas de Malvim.— Como sabe disso? — Ele parecia chateado com o que eu disse, como se soubesse de alguma coisa.— Porque eu estava lá antes de fugir. Eu vi os lobos cercando a minha mãe, vi as tropas de Malvim atirando uma flecha em seu peito e depois os lobos foram em cima dela, mas eu a puxei e consegui enterrar seu corpo. — Eu não poderia dizer que a fiz sumir junto com o vento, estaria me entregando e eu não quero morrer agora.Eu tinha que ficar, porque já não tinha mais casa, não tinha para onde ir e sem dúvidas eu não quero me preocupar com isso agora, ainda estou em choque com tudo isso. Além do mais, os Crowler's que ficavam devem está querendo a minha cabeça agora, eu só consegui eliminar dois, mas ainda tem milhares deles por aí.— O que pretende fazer? — Ele continuava de costas para mim, mas curioso.— Tentar sobreviver. Será que tem algum lugar onde eu possa tomar um banho? E não se preocupe, eu não vou ficar por muito tempo.— Eu vou te deixar à vontade para fazer o que precisa, depois junte-se a nós, estaremos esperando você na mesa.LancelotA chuva deixava o tempo frio, algumas cabanas estavam totalmente no chão e eu precisava resolver isso o quanto antes.— Temos que dar um jeito nisso o quanto antes. — Nobdy falava enquanto olhava tudo o que precisava.— Eu estou indo buscar lenha, cuide do fogo por enquanto. Peça para alguém ir buscar muitas peles, precisamos cuidar das mulheres e crianças.Eu estava cansado, mas não poderia deixar meu povo sem ajuda, família acima de tudo e eu tenho mais que o dever de cuidar deles. Luna me desperta uma certa curiosidade, como ela conseguiu correr por tanto tempo se é de Oneduz como diz? Seria muitas léguas.Coloquei duas toras em minhas costas, sentido-as arder com o suor tocando os cortes provocados pelas brigas recentes.Após algumas horas, havíamos feito algumas cabanas, desta vez mais segura e todos então estavam abrigados.— Quando vamos poder comer? Estou faminto, mamãe. — Uma criança falava e todos me olhavam, esperando que eu dissesse alguma coisa.— Podem ser servir. — Eu estava esperando por Luna, mas ela não veio, e eu precisava de um banho também, estava cansado e precisava dormir, já era quase uma hora da manhã.Sair da mesa assim que se seguiram e fui até a minha toca. Encontrei Luna dormindo em meu ninho, estava despida e tentou cobrir seu corpo com um pano de seda quase transparente. Ela tinha belas curvas, um belo par de seios e era perfeita. A cobrir e fui para o colchão que havia em outro cômodo. Mas, antes que eu pudesse dormir, Andrew bateu na porta e me fez levantar, rápido, para que não abordasse Luna.— O que quer há essa hora? Não vou caçar hoje, sem chance.Andrew e eu crescemos juntos, éramos como irmãos. Eu confiava a minha vida a ele, assim como ele a mim.— Não é isso, só quero saber quem é a humana que colocou lá dentro? Dalila estava quase invadindo sua privacidade, estava furiosa.— Dalila não me importa. Ela é como todas as outras perante meus olhos, o que ela está querendo dessa vez?— As mesmas coisas de sempre! Está mais furiosa agora, pois viu você chegando com uma mulher em seus ombros. Afinal, quem era ela e onde ela está?— Está aqui dentro. — Disse saindo sem fazer barulho, coberto com uma pele de urso pardo. — Ela é Luna, a encontrei perdida. Ela perdeu a mãe e eu não poderia deixá-la lá, então a trouxe.