O sol começa a nascer e eu já estou de pé, pronta para começar mais um dia de trabalho. Sou a filha mais velha de uma família humilde e tenho muitas responsabilidades. Tenho que ajudar minha mãe na feira, cuidar da casa e ainda cuidar das minhas irmãs mais novas, Ana e Lúcia. Hoje, no entanto, eu decidi que precisava de um tempo para relaxar e me divertir. Então, convidei minhas irmãs para irmos ao lago. Elas ficaram animadas e se arrumaram rapidamente. Vesti meu biquíni, peguei as toalhas e partimos para a trilha que leva até o lago. Enquanto caminhávamos, as meninas começaram a falar sobre a última fofoca dos vizinhos. Elas adoram um bom escândalo, mas eu prefiro ficar de fora dessas conversas. Prefiro não julgar as pessoas, especialmente sem conhecê-las pessoalmente. Chegamos ao lago e logo nos encontramos com algumas vizinhas. Elas param de falar assim que nos veem. Dona Júlia, a mais fofoqueira de todas, pergunta o que estamos fazendo lá. Ana, sempre animada, responde que estamos ali para dar um mergulho. As outras vizinhas, curiosas, continuam fazendo perguntas. Uma delas pergunta sobre minha mãe, se ela ainda está trabalhando na feira. Eu respondo que sim e que ela está sempre trabalhando duro para garantir o nosso sustento. Logo depois, as vizinhas se despedem e eu olho para o lago. Ele é tão bonito e calmo. Decido entrar na água para me refrescar. As meninas seguem o meu exemplo e começamos a nadar e a brincar. Horas se passam e eu percebo que já está ficando tarde. As meninas se arrumam rapidamente e seguimos de volta para casa. O caminho de volta sempre me deixa um pouco tensa, pois ouvimos muitas histórias sobre lobisomens e outros seres sobrenaturais que vivem na floresta. Finalmente chegamos em casa. Eu começo a fazer as tarefas domésticas, já que minha mãe ainda está trabalhando na feira. Ela sempre está muito ocupada e eu me sinto triste por não passar mais tempo com ela. Mas eu entendo que ela precisa trabalhar para garantir o nosso sustento. Enquanto estou limpando, eu ouço um barulho do lado de fora da casa. Fico nervosa e olho pela janela. Não vejo nada, mas o medo de encontrar um lobo ainda está presente em minha mente. Termino as tarefas de casa e começo a me arrumar para ir à feira ajudar a minha mãe. Sinto que ela não gosta muito de mim, o que me deixa triste. Mas eu tento não pensar muito nisso e continuo a fazer as minhas tarefas com dedicação.

Chegando na feira, avisto minha mãe andando entre as bancas de verduras e legumes, escolhendo cuidadosamente cada item. Me aproximo e ela sorri para mim. "Oi, minha filha. Como foi o lago com as meninas?" "Ótimo, mãe. Nós nos divertimos bastante." Ela me olha com os olhos atentos. "Você não se meteu em encrenca, não é?" "Claro que não, mãe. Eu sei me cuidar." Ela solta um suspiro aliviado e voltamos a andar pela feira. Enquanto ela escolhe os produtos frescos, aproveito para olhar ao redor e ver as novidades. Vejo alguns vizinhos conhecidos e me aproximo para conversar. "Oi, dona Mariana. Como está a sua horta?" Ela sorri. "Está indo bem, minha filha. Colhi muitos tomates hoje." Eu fico feliz em ouvir isso e continuo conversando com ela sobre os seus cultivos. Mas não demora muito para a conversa mudar para as fofocas da vizinhança. "Você ouviu falar do Pedro? Dizem que ele foi visto na floresta à noite, e que ouviram uivos estranhos por lá." Eu engulo em seco, lembrando da lenda dos lobisomens. "Não, não ouvi nada sobre isso." Dona Mariana continua com as fofocas, mas minha mente está em outro lugar. Eu sei que a lenda dos lobisomens é só uma história, mas ainda assim, eu não gosto de pensar sobre isso. Sinto um arrepio percorrer minha espinha e olho ao redor, tentando ver se há algo suspeito na feira. Finalmente, minha mãe termina de comprar tudo o que precisava e nos dirigimos de volta para casa. Enquanto caminhamos, ela começa a fazer perguntas sobre a minha manhã. "Você já fez a comida, Helena?" "Sim, mãe. Já fiz." "E cuidou da casa?" "Sim, mãe. Eu fiz tudo o que precisava ser feito." Ela olha para mim com desconfiança. "Tem certeza? Você não se esqueceu de nada?" "Tenho certeza, mãe. Eu não esqueci de nada." Ela continua me olhando desconfiada, mas não diz nada mais. Eu sei que ela não gosta muito de mim, mas eu faço o meu melhor para ajudar em casa e não dar problemas. Finalmente, chegamos em casa e começamos a descarregar as compras. Eu sinto a tensão no ar enquanto arrumo as verduras na geladeira e começo a preparar o jantar. Minha mãe está sentada na sala, observando atentamente cada movimento que eu faço. Eu tento não pensar muito nisso e me concentro em cozinhar. Eu adoro cozinhar, e sempre tento fazer o melhor que posso. Acho que minha mãe não dá muito valor para isso, mas eu não ligo. Eu gosto de cozinhar, e isso me faz feliz. Finalmente, o jantar está pronto e chamo minha mãe para a mesa. Nós sentamos em silêncio, comendo a comida que eu preparei.