GUTEMBERG
Meu apartamento estava quieto demais. A única coisa que quebrava o silêncio era o som das luzes da cidade entrando pelas janelas, iluminando o mármore branco e as linhas perfeitas da cozinha. Era o tipo de lugar que deveria fazer alguém se sentir no topo do mundo. Para mim, ultimamente, só parecia vazio. Minha irmã não estava. De novo. O quarto dela estava escuro quando passei por lá, e algo me dizia que ela tinha ido para a casa dos nossos pais. Isso me incomodava mais do que eu queria admitir. Não que eu pudesse culpá-la, eles podem ser persuasivos quando querem.
— Vai me dizer o que diabos foi aquilo ontem à noite, ou eu vou precisar arrancar a verdade de você? — A voz de Vincent quebrou meus pensamentos.
Ele estava encostado na bancada, com aquele ar casual que ele sempre carregava, mas os olhos... Os olhos azuis dele estavam