Dominic Lexington Eu a alcancei antes que caísse no chão. O estado deplorável da minha Baby me fez sentir um desgraçado assim que a vi. Eu não sabia a extensão do dano que havia causado na garota, para que ela fugisse de mim daquela maneira, e acabasse em um estado como em que chegou, mas, se servia de algum atenuante, a culpa me atingiu certeira, pouco demais que ela correu de mim.Me virei para o soldado um pouco atrás. Eu ainda estava com a minha garota nos braços quando o encarei. – Não devia tê-la deixado andar. – Eu sabia que havia ressalvas quanto a tocar nela, mas isso era uma situação extrema, porra.— Eu a peguei, senhor! – O soldado abaixou a cabeça logo em seguida, e um olhar severo o atingiu.Odeio mentiras...Mas como se soubesse exatamente o que eu estava pensando, a amiga da minha mulher resolveu abrir sua boca. Ela parecia ter se esquecido de que tinha medo de mim a algum tempo.— Ele diz a verdade. – Eu voltei minha atenção para Ava. Eu nem ao menos tinha notado que
Dominic Lexington O fato de a baby ter me aceitado em um abraço me pareceu uma surpresa, mas quando ela se deixou dormir em meio ao meu abraço, sem qualquer tipo de resistência, eu soube imediatamente que algo estava muito errado com a garota. Ela era meiga, mas difícil, e a falta de qualquer discussão ou vingança me deixou em alerta.Eu ainda estava tentando compreender toda a crise envolvendo agulhas. Baby nunca me disse nada sobre medo de algo do tipo, e a minha mente não conseguia evitar buscar os porquês. Por isso, assim que ela caiu em um sono profundo, envolvida pelo cansaço da noite longa, e por ter andado até aqui, eu a coloquei em um travesseiro confortável. Acho que me perdi alguns minutos entre pensamentos e olhar a minha mulher dormindo com todos aqueles machucados. Soube naquele instante que ela não seria a minha perdição, ela já havia se tornado, porra. E eu nem mesmo sabia quando aquilo aconteceu. Quando eu me envolvi ao ponto de imaginar que a minha vida sem ela seri
Baby Ortiz.Meus olhos ainda pareciam pesar algumas toneladas quando os abri. Eu não conseguia acreditar na visão bem diante deles, então, uma súbita necessidade de tocar a pessoa ao meu lado fez com que eu esticasse o braço a fim de verificar se era mesmo a realidade. Poderia muito bem ser uma miragem, afinal, o Dominic sempre fez questão de que eu nunca o visse dormir na minha cama. Aquele homem sempre entrava no meu quarto a noite e cuidava dos meus pesadelos, e então, antes que eu pudesse acordar a seu lado, ele tinha desaparecido. O gesto sempre me deixou na dúvida se era um sonho ou se realmente acontecera. Até agora.Minhas mãos o acariciaram, e senti como se faíscas de fogo beliscassem meus dedos. Eu ainda estava tão brava com ele. Magoada. Meus olhos brilharam de raiva, muito embora eu não tenha deixado que ele soubesse o quanto o estava odiando naquele momento.Eu sei... Era errado culpá-lo por tudo que aconteceu, no entanto, não havia forma de me convencer que Dominic não f
DOMINIC LEXINGTON. Eu perdi a porra do controle de novo. Sabia disso. Não consegui dormir depois de tudo que fora despejado em mim, porque eu realmente a forcei a me contar. Ódio me tomou por inteiro depois disso. Impaciente, caminhei de um lado para o outro como um animal enjaulado dentro do maldito cômodo destruído.Eu deveria viajar até lá e buscá-lo pessoalmente. Eu deveria torturá-lo até perder o controle sobre quem eu era ou o quão racional eu já fui um dia. Mas isso não estava tão longe da realidade, estava? Eu estava andando de um lado para o outro como a merda de um touro bravo preso em um lugar confinado. Eu me sentia exatamente dessa mesma forma. Sufocado, era uma palavra perfeita para definir meu sentimento, mas definitivamente não era competente o bastante para resumir tudo o que eu sentia.Esfreguei o rosto com as duas mãos, e tinha certeza de que já estava vermelho de todas as outras vezes em que eu fiz exatamente o mesmo, com força o bastante para doer.Meu celular to
*Dominic Lexington- Dois anos antes...*Olhei a foto da noiva selecionada para mim desde que ainda era uma criança. Aquilo me pareceu errado na época, mas ainda não era como se eu fosse o dono das minhas próprias decisões.Assumimos a Cosa nostra quando nossos pais foram assassinados em uma maldita emboscada da Dea. Ainda estávamos irritados com o que acontecera, mas contratos haviam sido formados, e casamentos deveriam acontecer.Cesare casara-se anos antes, sendo o mais novo a se amarrar num compromisso para assumir o cargo que antes pertencia a nosso pai. Ele nunca falhou em nada em sua vida, e ter filhos cedo era a prova cabal disso.Parado no altar, admirei a foto estampada no meu celular. A garota pequena e franzina que via em sua adolescência agora havia se tornado uma linda mulher. Tanto, que nos últimos meses, viajei para a Venezuela e a vigiei de perto.Como fora ordenado, ela era comportada e recatada. Quase não deixava a casa, ou participava das festas como sua irmã mais v
Baby Ortiz.Meus olhos estavam muito pesados quando os abri durante a manhã. Havia algo gelado pressionado a minha testa, e eu sentia meu corpo inteiro pegar fogo. Não de um jeito bom. Não como o Dominic costumava me fazer sentir quando estava dentro de mim. Parecia-me algo mais torturante. Antes de hoje, nunca havia estado doente na vida, até porque eu não poderia. Esse com certeza seria um pesadelo para mim e para a minha família.— Porra, não está descendo... – O ouvi resmungar.Aquilo me fez recuar na cama, sentando-me ao sentir que estava segura o bastante para amparar as costas contra a cabeceira. Eu nem mesmo olhei para ele, porque simplesmente não podia. Ainda não havia me decidido se contar tudo o que havia dito fez com que sentisse nojo de mim mesma, ou raiva por ele ter me obrigado a voltar ao passado— O que você está fazendo aqui? – Olhei para os lados. Estava tão confusa. Esfreguei os meus olhos quando notei que ainda estavam muito pesados. – Que horas são?— Meio-dia, a
Dominic LexingtonParei de beijá-la quando senti os lábios tão quentes quanto a pele. Ela praticamente me queimava, e não era como se eu não gostasse da sensação, mas Baby poderia acabar piorando se eu entrasse nela. Disposto a parar, ainda que fosse uma maldita tarefa difícil, a afastei de mim. Tirando-a de cima do local inchado no qual ela estava sentada e completamente nua, eu me levantei em seguida.— Fique aí. Vou pegar uma toalha para você.Baby continuou imóvel, exatamente do jeito em que eu a coloquei. Quando retornei com um roupão, envolvi o corpo nu e a levei de volta para a cama, em meu colo. Eu não queria que ela andasse mais do que o necessário, considerando o caminho longo que ela percorreu de volta para a nossa casa.Nossa casa?Porra! Eu estava começando a enlouquecer.Ver os machucados nos lábios me deixava na borda da irritação. Mas ela não merecia conhecer meu lado cruel, então eu apenas mantinha em mente que precisava continuar calmo.Me deitei ao lado dela na cama
Baby Ortiz.Minha garganta estava ardendo em um nó preso, e tão bem instalado ali que pareceu nunca mais descer. Eu o encarei, olhando no fundo dos olhos ciumentos do Dominic, mas não pude reconhecê-lo. Olhar para ele foi como ver um buraco negro do qual, se encarasse por muito tempo, seria sugada para dentro. Tomada por um desespero, deixei que as lágrimas deslizassem pelo meu rosto.Eu ainda estava febril, mas não sentia nada além do meu corpo frio. Minha mão estava gelada quando a raspei contra a nuca suada. Voltei a encará-lo, ainda que aquilo fosse doloroso. Nunca falava sobre isso, e nem deveria. Antes de abandoná-los, prometi para mim mesma que não tinha mais família além da minha avó. Eu não tinha mais ninguém no mundo, e quando ela partisse...Mesmo com o peito em chamas, eu continuei. – Sei que não falo muito sobre o meu passado, mas isso é por que ele dói. Não é fácil falar que meu pai desapareceu quando ainda era uma criança, ou que minha mãe amou tão intensamente seu novo