capítulo 28 Ela nunca saberá...
Adam
O sol ainda não havia nascido e minha fêmea já estava encolhida no canto da cama, quase despencando. Um muro invisível nos separava. Soltei o ar com força. Será possível que ela insista nessa infantilidade?
Levantei-me e encarei seu rosto angelical. Aquela boca em forma de coração era uma provocação silenciosa. Mas não cedi. Vesti-me e marchei até o escritório.
— O acampamento dos renegados está cercado? — minha voz soou como ordem.
— Sim, Alfa. Todos aguardam em seus postos.
Assenti.
Renegados... o câncer do nosso mundo. Escória que se esconde entre inocentes. Alguns nasceram nessa lama, outros foram arrastados para ela. A maioria morre sob nossas garras. Os que restam viram escravos até provarem seu valor — ou se tornarem companheiros.
Antes de chegar, o fedor já rasgava minhas narinas. A cena me parou por dentro: uma fêmea, amarrada de cabeça para baixo, recebia chicotadas até a carne abrir. Gritava para a Deusa levá-la. Sangue e sujeira escorriam por seu corpo.