Surpresas do presente, certezas no olhar
Heitor
Passei a manhã toda inquieto. Mesmo tentando focar nos compromissos da empresa, o simples fato de imaginar Bruno ao lado de Lívia no almoço anterior não saía da minha cabeça. Não era ciúme irracional. Era um incômodo legítimo. Um desconforto com o que eu não vivi ao lado dela, com o que nunca ouvi diretamente, com o que não terminara como deveria.
Felipe, sentado à minha frente na cafeteria da empresa, parecia igualmente distraído.
— Tá pensando no mesmo que eu? — perguntei.
Ele assentiu.
— Naqueles dois, Bruno e Guilherme.
— E nas nossas mulheres.
— E se eles resolverem almoçar de novo? — ele soltou de repente, batendo os dedos sobre a mesa.
— É... eu pensei nisso também.
Ficamos em silêncio por um tempo. Então olhei para ele e tive uma ideia.
— Vamos surpreender elas hoje? Aparecer de surpresa no almoço. Só nós quatro.
Ele sorriu.
— É pra ontem.
Cecília
Lívia e eu dividíamos a sala de reunião antes da abertura do mercado