Chovia em São Paulo. Uma daquelas chuvas sem começo nem fim, que parecem escorrer da própria alma da cidade.
Melina observava os pingos deslizarem pelo vidro da cobertura enquanto segurava o celular com os dedos tensos. A mensagem de Kauan ainda iluminava a tela:
"Precisamos conversar. HĂĄ algo errado com Clara.
Ela nĂŁo respondeu.
Em vez disso, respirou fundo, sentou-se em frente ao computador e acessou o painel de segurança da HEM. Digitou trĂȘs senhas. O sistema piscou. Uma nova aba se abriu â DENTE DE LEĂO â OPERADOR 47.
Era um codinome. Um agente oculto que se comunicava com fontes externas Ă HEM. AtĂ© entĂŁo, Melina acreditava que fosse um homem de Salazar. Um lacaio qualquer. Mas ao rastrear o IP das Ășltimas interaçÔes, o sangue gelou.
O ponto de origem vinha da sala de Clara.
O estÎmago de Melina deu um leve nó. Não era dor. Era a antecipação da verdade.
Ela fechou o notebook devagar. Levantou-se, pegou o blazer no encosto da cadeira e saiu.
Trinta minutos depois, entrou na sala de