A noite estava densa, úmida, e o som da chuva batendo na janela era quase hipnótico. Melina se remexia na cama, coberta apenas por um lençol fino. Sua respiração era irregular. A testa levemente suada. Seus olhos tremiam sob as pálpebras fechadas.
No sonho, Miguel a puxava pela cintura com firmeza, os dedos cavando possessivos em sua pele. Estavam numa sala escura, antiga, cheia de sombras e veludo — ela de vestido de seda, ele com a gravata solta no pescoço. Beijos urgentes. Mãos explorando como se estivessem famintos.
— “Você é minha, Melina”, ele sussurrava com voz grave, entre o prazer e a ameaça.E ela queria acreditar.
Queria odiá-lo.
Mas naquele sonho... ela ainda o amava.Do outro lado da porta, uma fresta entreaberta deixava escapar não só o calor da madrugada, mas o som abafado de gemidos. Kauan passava pelo corredor