Dois pés no chão, uma coroa na cabeça.
Narrado por Sheik
Primeira noite em casa depois de dois meses no escuro. Duas luas passando sem eu saber se ia voltar. Mas voltei. E não foi por pouco, não. Voltei porque minha favela me chama. Porque minha mulher segurou o bonde quando a maioria teria largado. Porque meus filhos... meus filhos precisam de mim. Não só como o dono do morro, mas como o homem que vai ensinar a eles a diferença entre respeito e medo.
O colchão parecia diferente. Mais macio. Ou talvez fosse só a sensação de estar vivo, deitado ao lado dela de novo. Luna dormia de lado, perna jogada por cima de mim, braço colado no meu peito. Como se dissesse sem falar: “Tu não vai embora de novo”. E eu não vou. Eu juro que não.
Despertei com o barulho de Camille resmungando no bercinho. Tava ainda meio grogue da medicação, mas levantei devagar. O quarto tava com a luz baixa, só a luzinha azul do abajur ligado. Peguei ela no colo com cuidado, como se segurasse a vida nos meus braços. Minha filha. Minha princesa. Ela olhou p