Senhor Price constrangido, Anthony furioso.

- Ok, eu coloco minhas roupas novamente, mas para isso eu preciso de um pouco de privacidade senhor.

Ele me olha e sorri sarcasticamente.

- Você disse que quer privacidade? - indaga ironicamente rindo - Sério?

Mesmo percebendo o tom irônico dele, eu tento ser educada.

- Sim, senhor Price, eu preciso de um pouco de privacidade para me trocar, por favor.

Ele senta- se na cadeira bem a vontade.

- Desculpa Grace, mas isso você não terá. - diz num tom firme.

- E porque não, senhor? - olho atentamente.

- Porque, para uma mulher que aparentava pelo menos um pouquinho de decência na entrevista, e já hoje, teve a ousadia, a cara de pau, de vir trabalhar sem calcinha e ainda subir em uma escada só para que seu chefe visse a sua b***** toda depiladinha, não tem nenhum direito de pedir por privacidade. Você não concorda?

Ele até está certo em algumas partes, mas eu tenho motivo suficiente para rebater.

- Eh, em uma parte o senhor até tem toda razão, fiz errado em não usar calcinha e ainda subir naquela escada para provoca- lo, mas foi o senhor que me levou a fazer isso.

Ele abre a gaveta da mesa do escritório, tira um charuto e um cortador de charutos.

- Viu como é bem fácil tirar uma confissão de alguém?!

Engulo em seco ao perceber que acabei de confessar que só fiz isso para provoca- lo.

- O senhor queria que eu fizesse o que, depois de praticamente me obrigar a usar esse minúsculo uniforme. - rebato.

Ele acende o charuto, começa a fumar e se levanta, vindo em minha direção.

- Mas você tinha outra opção, senhorita Grace, não era obrigada a usa- ló.

Seu jeito provocante e irônico de falar me deixa super irritada, mas por conta de precisar muito do serviço, eu me esforço para relevar.

- Ah, sim, a opção de não usar nada, não é senhor Price?

Ele sorri debochado e não diz nada.

Respiro fundo e seguro um palavrão.

- O senhor vai me dar um pouco de privacidade ou eu vou ter que sair lá fora, assim? - indago.

- Eu vou dar o pouco de privacidade que você quer, Grace. - diz calmamente.

- Que bom senhor, muito obrigada. - agradeço num tom de sarcasmo.

Eu acho que ele irá sair do escritório, mas não, ele apenas vai até sua cadeira, senta-se e se vira de costas para mim.

- O que o senhor está fazendo? - indago sem entender.

- Ué, estou dando-lhe um pouco de privacidade que você me pediu.

- Eu achei que o senhor iria sair do escritório, e não que iria ficar aqui.

- Hum.. que pena, você achou errado. - diz num tom de deboche - Agora anda, porque meu tempo está curto para tudo que preciso fazer hoje.

Fecho meus olhos, minhas mãos em punhos e mordo o lábio inferior fortemente.

Tentando conter a raiva que estou sentindo.

.." O homem filho de uma boa mãe.

Até em pensamentos tento não chinga- ló, mesmo sabendo que ele merece.

.." Não sei como a noiva dele o suporta.

Começo a tirar o uniforme, mas sem tirar os olhos dele.

.." Se com uma estranha como eu, ele é assim, imagina com ela.

Através dos meus olhos vejo meu nariz se contraindo por conta da imensa raiva que estou sentindo.

Assim que termino de tira- ló, ficando apenas de sutiã, vou até o sofá do escritório, que fica perto da janela, pegar a minha roupa.

- Nossa, como você é má. - diz num tom de malicia - Você bem que podia ter tirado o sutiã também.

Ao ouvir sua voz e percebendo que ele se virou para me olhar, pego minhas roupas rapidamente, tampo as partes principais da frente e me viro para ele.

- O senhor disse que me daria um pouco de privacidade, lembra?

- Eh, eu disse. - confirma - Mas eu não prometi. - sorri travesso.

Balanço a cabeça negativamente.

- O senhor quer mesmo me fazer desistir desse emprego, não é mesmo? - indago sentindo- me desapontada.

Ele se levanta e caminha em minha direção lentamente.

- Não, muito pelo contrário, Grace. - solta fumaça do charuto para cima - Eu quero ver o quanto você é capaz de suportar por esse trabalho.

Eu não digo nada, apenas o observo e o escuto.

- Quero ter certeza que está aqui unicamente pelo trabalho e não por outra coisa. - diz olhando- me seriamente.

- Tipo? - indago.

- Interesse! - diz sem hesitar - Fingir cair em meus encantos, minhas investidas, minhas provocações, e depois, me processar por assédio para poder tirar uma alta grana de mim.

.." Então é isso. - o olho fixamente - Já o processaram por assédio, só por causa da fortuna que ele tem. - mordo o canto do lábio - Bem, vou mostrar a ele, que ele está muito errado sobre o que pensa ao meu respeito.

Jogo as roupas no chão, fazendo o parar, totalmente paralisado com a minha atitude inesperada.

O encaro sem piscar por alguns segundos, antes de começar a me vestir novamente.

- Estou aqui somente pelo trabalho, senhor Price. - digo firmemente - O único dinheiro do senhor que me interessa, é o do meu pagamento por ele, unicamente ele.

Vejo o pomo-de-Adão dele, subir e descer rapidamente.

Vejo em seus olhos o quanto ele está constrangido.

Termino de me vestir enquanto ele somente olha, parado e calado.

- Agora com licença senhor Price, vou fazer o que estou sendo paga para fazer.

Me viro e saiu do escritório, mas uma vez sem olhar para trás.

.." Mas um ponto positivo para mim. - sorriu sentindo- me mais uma vez vitoriosa.

Faço tudo que preciso fazer, sem parar para almoçar, pois o que houve no escritório deixou-me totalmente sem apetite.

Às 16:00 vou para casa, e novamente ela está uma zona.

- Até quando eu conseguirei suportar isso?

Mas uma vez limpo tudo e vou tomar um banho antes de preparar o jantar.

- Amor cheguei. - b**e na porta do banheiro - Abre, quero tomar banho com você.

.." Só se for em seus sonhos, benzinho.

- Desculpe, mas já acabei Anthony. - desligo o chuveiro mesmo com espuma no corpo.

.." Estou cansada demais para ter que suportar ele se esfregando em mim.

- Ok.

Me enxugo, visto o meu pijama e desço para preparar o jantar.

Ele, é claro que está jogado no sofá, assistindo filme na TV enquanto bebê sua cerveja.

- Eu vou preparar o jantar, Anthony. - aviso - Meia hora e já estará na mesa.

- Tá, tá bom. - diz sem olhar para mim.

Enquanto preparo o jantar, ouço meu telefone tocar no carregador, em cima do balcão.

-' Oi, Emma!

... Oi, sumida!.

'- Que isso, só trabalhando demais.

... É, eu sei. - compreende - Eu também.

'- Na boate agora?

... Sim.

'- Me ligando do trabalho, Emma? - digo num tom brincalhão - O que houve?

... Uma das meninas ficou doente e o meu chefe me pediu para conseguir uma substituta pelo menos pro fim de semana, porque é o dia mais movimentado da boate. - explica - Então.. eu pensei em você.

Eu até quero dizer que não, afinal eu nunca me imaginei trabalhando em uma boate, mas uma graninha extra é sempre bom.

'- Ok, Emma, diz ao seu patrão que eu topo.

... Sério mesmo, Grace? - pergunta incrédula.

'- Sim, sério. - confirmo.

... Ok, vou dizer agora mesmo para ele.

'- Beleza.

... Até sábado então, Grace?!

'- Até.

Desligo e volto para o preparo do jantar.

- Quem era no telefone, Grace? - pergunta num tom seco.

Me viro e vejo o Anthony encostado no balcão.

- A Emma!

- E o que ela queria agora?

Por mim eu não diria pois sei que haverá discussão entre nós, mas alguém pode me ver entrando lá e inventar coisas maldosas a meu respeito para ele.

- Ela perguntou se tem como eu trabalhar como substituta no fim de semana lá na boate "Flor da noite". - explico - É que uma das meninas que trabalha lá, ficou doente e não vai poder ir.

- E você disse o que a ela? - olha- me seriamente.

- Eu disse que eu vou. - respondo sem hesitar.

- Não, você não vai. - diz num tom de ameaça - Só vagabundas trabalham num lugar como aquele.

Ouvindo isso, resolvo rebater, afinal ele só está dizendo isso porque já foi lá, tentou ficar com minha melhor amiga, mas ela o rejeitou na hora, e para piorar ainda me contou no dia seguinte, na frente dele.

Deixando- o sem saída, a ponto dele ter que assumir que era verdade, e causando uma briga feia entre nós dois.

Tão feia, que fiquei meses sem deixa- ló encostar em mim.

- Não, você está completamente enganado, Anthony. - me aproximo dele - As mulheres que trabalham lá, não são vagabundas, elas são guerreiras, inteligentes e espertas, pois apesar de terem que suportar homens nojentos e asquerosos, que deixam suas mulheres e filhos em casa com a "desculpa" de que precisam fugir um pouquinho de sua vidinha monótona, estressante e chata, elas ainda tiram uma grana preta dos otários. - sorriu sarcasticamente - Então, não querendo te corrigir, mas já corrigindo: *Quem trabalha em uma boate, não é uma mulher v********, muito pelo contrário, ela é uma mulher trabalhadora como qualquer outra. Vagabundos mesmo, são os homens que vão até lá procura- las*.

Eu mal termino de falar e já estou caindo ao chão, com um tapa dado com muita força em meu rosto.

Um tapa que ecoa por toda a cozinha.

- Você está me chamando de vagabundo, Grace? - grita furioso.

Meu rosto arde tanto que eu não respondo, apenas levo minha mão até a minha face enquanto meus olhos se enchem de lágrimas.

.." Até quando você irá suportar isso, Grace? - as lágrimas escorrem - Até quando?

Vendo o meu silêncio e percebendo que passou dos limites comigo, ele dá um murro na porta da geladeira, fazendo- me se assustar.

- Viu o que você me faz fazer com você. - diz irritado - Você sabe que eu não gosto de levantar a mão para você.

Ainda continuo no chão, com os olhos fechados e calada, enquanto as lágrimas ainda caem.

.." Você é a única que pode por um fim nisso, Grace. - suspiro fundo - Só você. - digo a mim mesmo em pensamento.

Parecendo arrependimento do que fez, ele se agacha, segura em meus braços, me levanta e me abraça.

- Me perdoe, meu amor. - me abraça fortemente - Eu juro que isso não irá mais se repetir.

Já sabendo que seus juramentos sempre são em vão, eu não dou a mínima, apenas espero ele me soltar.

O que não demora quase nada.

- Agora que já está tudo bem entre nós, faz o meu prato e depois liga para a sua amiguinha e diz que você não vai poder ir. Diz para procurarem outra pessoa.

- Mas que desculpa darei a ela, Anthony? - indago.

- Sei lá, inventa alguma coisa. - diz tipo que se lixando para o que eu vou dizer a ela - Você é muito boa com mentiras.

Ele pega outra cerveja na geladeira e vai se sentar na mesa.

Eu, então, faço o prato dele, levo até ele, pego o celular e subo para o quarto.

- Eu não vou fazer o que ele me pediu. - balanço a cabeça negativamente - Ele gostando ou não, eu vou trabalhar na boate no fim de semana. Afinal quem irá pagar as contas sou eu e não ele.

Coloco o celular no criado mudo, me deito e em questão de minutos eu adormeço.

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