“Atrás de cada grande fortuna, há sempre um crime!”
Charlie “Lucky” Luciano Hades nunca sequer olhou para um preparativo de casamento, ele somente contratou as pessoas certas e deixou a mercê da sua noiva. Sua única exigência era que não poderia ser em hipótese alguma numa igreja, assim como a famiglia, a igreja era negócios e ele não iria misturar isso. Apesar de Hades ser siciliano e um homem de honra — novamente — ele nunca acreditou em uma religião específica, como um bom negociador e estratégico ele via os líderes religiosos manipulando as pessoas de fé, usando o mais baixo e antigo modo de extorsão para ganhar o que queria, e claro, Hades tinha esses líderes aos seus pés . Muitos homens de honra optaram por usar a imagem da igreja como pretexto para manter a boa imagem diante a comunidade siciliana. Hades nunca precisou fingir, muitas pessoas de fé temia a Deus no juízo final por causa de seus pecados praticados em vida, temiam a morte. Hades não era um Deus, mas era mais temido que o todo poderoso cristão, no estado da Sicília ele que era o onipotente, onipresente e onisciente. Ele tudo podia, tudo ouvia e tudo sabia. Ele tinha a vantagem de que os mesmos que temia Deus na morte, temia mil vezes mais Hades em vida, assim era a Cosa Nostra, a mesma mão que ajudava era a que tirava. E que o Deus cristão proteja quem ousasse desafiá-lo. — Por favor, me deu sua palavra de honra! — O informante disse quando tossiu e gotas de sangue espirrou em seu colarinho branco. — Nunca dei minha palavra — O portão grande da cela se fechou e Hades observou o miserável se arrastar até as grades. — Ficará um longo tempo aqui, refletindo se conta ou não quem é o rato. O homem sujo por passar alguns dias sendo torturado sem ter recebido o mínimo de higiene, temendo pelo seu futuro. — Ele sujou seu traje de casamento — Hefesto disse esperando Hades sair do buraco que as celas estavam. Perseu parou de limpar sua arma no banco de trás do carro e olhou para os respingos de sangue. — Eu o mataria apenas por esse motivo — Perseu murmurou baixo voltando a sua atenção para a arma. — Hades tem a estranha obsessão de deixar seus brinquedinhos vivos e deixá-los morrer, por alguma doença inútil, você sabe — Pan disse para os irmãos, nenhum em específico, ao lado de Perseu. Hefesto entrou no carro e tomou a frente do volante. Ignorando os comentários ele prestou atenção na rua. — Estou me casando hoje, minha futura esposa não iria me querer ver banhado de sangue — Todos estavam com os trajes iguais, tirando a cor da blusa social preta dos seus irmãos e a do noivo ser branca, com um toque de respingos de sangue no colarinho. — Grande homem, para quem está com a roupa manchada de sangue — Hades olhou para Hefesto e ele ligou o carro rapidamente dando um sorriso. — Você perde a noção do perigo moleque. Os pontos nas suas costas incomodaram como o inferno ao se encostar no assento, Hades queria arrancar aquelas linhas com nó o mais rápido possível. — Agora nosso mano vai estar preso a uma boceta só, pelo resto da vida, dele ou dela — Hefesto olhou para Hades. — Qual é a sensação de ser um noivo apaixonado? — Você irá descobrir um dia —Murmurou Hades sem se importar, sua arma merecia toda a atenção do Don da Cosa Nostra, linda e bem polida. — Uma esposa russa, vai gostar do sexo em russo Hades? — Seu irmão continuou perturbando-o. Seu pai além de tortura ensinou todos os filhos a controlar seus hormônios, principalmente os que eram direcionados ao pau, eventualmente todos fizeram sexo durante suas vida, porém o ato e mulheres muitas vezes significava distração, e distração nunca era bom sendo um homem feito. Fazer era bom, mas não fazia diferença para Hades. — Hefesto — Hades se virou para o seu irmão que dirigia. — Cala a porra da boca — O tapa na cabeça fez o homem mais novo dos irmãos quase perder a direção. — Puta que pariu! — Reclamou o seu irmão fazendo uma careta. Atrás deles estavam os carros dos seus soldados, somente os de confiança iria para testemunhar o matrimônio do novo Don, provavelmente sua famiglia já estava lá, esperando-os. Não levou muito tempo para chegar no lugar, era um espaço aberto e de longe ele podia ver os convidados sentados ao ar livre nos bancos de troncos de árvore. Assim que saiu do carro, Hades procurou por lugares estratégicos para emboscada, não que alguém ousasse matar Hades ou algo do tipo, mas os tempos estavam estranhos, ousaram matar seu pai. Eles iriam se lembrar como que é a liderança de um verdadeiro líder. Os quatro irmãos mandaram a cerimonialista começar o casamento e em dez minutos Hades estava andando para o altar com seus irmãos. Cinco minutos depois os carros blindados chegaram, nenhum familiar da noiva russa tinha ido para o matrimônio, não fazia diferença para o Don, mas para a Cosa Nostra sim. O carro branco no meio dos preto se destacou e ficou de frente para o corredor que Hades andou, de lá saiu o primeiro consigliere da Bratva, poucos segundos depois ele pode ver cabelos escuros voando. Hades nunca ligou para roupas das mulheres, talvez tenha sido a primeira vez ele que tinha realmente reparado na roupa de uma mulher, e ele reparou e muito. Nada de vestido balão, exagerado com camadas de panos e saiotes, o Don viu perfeitamente a silhueta do seu corpo, os quadris chamativos que fez sua boca salivar para ver aquelas pernas de quatro e aquela cintura sendo prensada contra o colchão. Ele reparou na renda transparente branca que se destacava no meio do seu corpo, dava visão das pernas juntas e o detalhe do seu decote em V. Seus seios pareciam de porcelana naquela distância, tão branca quanto alguém que vê neve por muito tempo. Hades focou no pescoço e o rosto angelical, se ele não soubesse a idade dela ele poderia jurar que a mulher ainda estava no começo da sua vida adulta. O véu nos ombros em vez de estar posicionado na cabeça também foi diferencial, um sorriso quase se espalhou pelos lábios do Don, ela estava digna de uma rainha. Claro, o que fez ver que a moça apesar de querer se parecer inofensiva era perigosa, as duas armas banhadas a ouro em suas mãos no lugar do buquê provou suas intenções subliminares. Ela balançava os dois objetos lentamente enquanto seus olhos analisava Hades no altar, estavam carregadas? — Puta merda — Hefesto sussurrou baixinho perto do altar, o suficiente para que Hades ouvisse. Aquela era a primeira vez que via a moça e ficou muito satisfeito com a visão que teve, sua altura era média para as mulheres porém ao lado de Hades ela ficaria mais baixa. O consigliere acompanhou a desfilada da mulher até chegar no Hades e lhe passar a mão. As armas estavam engatilhadas pronta para ser usadas. Os olhos azuis marinhos escuros focaram nos respingos — agora secos — no colarinho de Hades e então para os olhos dele. Definitivamente aquela mulher nunca fora treinada para ser esposa, ele já tinha visto aquele mesmo brilho assassino em seus olhos no seu irmão Perseu. Ela era linda para se observar, seu rosto não levava muita maquiagem, as bochechas estavam rosadas e o olho marcante estava destacado com um delineado perfeito. Os dois se analisaram, ela procurou alguma coisa que ele não soube identificar enquanto a mesma percorria seus olhos pelo seus traços faciais. — A cerimônia irá começar — A russa se virou com as duas armas em mãos olhando para frente. _______________________________________