CAMILLE ASHFORD
Às vezes, quando fechava os olhos, o cheiro de desinfetante e medicamentos voltava ao meu nariz, como se tivesse sua própria memória. Era a única coisa que eu lembrava daquele quarto de hospital. Os lençóis brancos, as luzes frias e a fragilidade da mulher que estava deitada na cama, agarrando-se à pouca vida que lhe restava. Aquela mulher era minha mãe.
— Não há mais nada a fazer... entendo que meu tempo acabou e estou em paz com isso — sussurrou ela, ofegante. A máscara de oxigênio não era suficiente para acalmar sua asfixia constante. — Por favor, só me prometa que não vai procurar problemas com aquela família.
Como eu poderia lidar com a bomba que ela havia jogado sobre mim? Na tentativa de se livrar do peso que carregava nos ombros durante todos esses anos, ela arruinou minha vida e cada uma das minhas lembranças, contando-me a verdade.
Minha mãe nunca foi uma esposa, apenas uma amante, e ele era um pai e companheiro emprestado para nós. Quando ele morreu, acabamo