DAMIÁN ASHFORD
— Estudei direito em Oxford e me formei com louvor — disse a mulher à minha frente, olhando distraidamente para o teto porque não tinha coragem de me olhar nos olhos. — Eu também participo todo ano no Natal da sopa comunitária para os sem-teto e os vagabundos…
— Você é estúpida? Isso é um sem-teto... um vagabundo — resmunguei enquanto olhava para seu "currículo" sem dar muita importância ao seu rosto carregado de medo.
Fazia cinco anos que Andy tinha ido embora, desde que eu soube que tinha perdido meus filhos, desde que senti pela primeira vez um vazio que todo o dinheiro, poder e mulheres dispostas a se jogar aos meus pés não conseguiam preencher. Eu havia construído minha vida com a certeza de que nunca sentiria uma perda real, que nada nem ninguém poderia me abalar, mas então ela chegou... e então ela se foi.
No começo, achei que seria melhor assim. Andy não tinha motivo para ficar, e eu não tinha motivo para impedi-la, mas, por fim, essa desculpa deixou de funciona