Capítulo Sessenta e nove

João Collins

A manhã passou como um borrão, e eu me encontrei na frente do espelho, ajustando o nó da gravata com mãos trêmulas. O reflexo me devolvia um olhar que eu quase não reconhecia — olhos fundos, cheios de incerteza. O terno preto que escolhi para aquela tarde parecia pesado, como se carregasse o peso de todas as minhas dúvidas e medos.

Aquele era o dia do casamento de Anna, e eu ainda não sabia o que faria. Meu coração estava dividido entre a razão e o desejo, entre o medo de me arrepender e a possibilidade de um erro irremediável. Mas eu precisava estar lá. Precisava ver com meus próprios olhos e decidir por mim mesmo.

Respirei fundo e finalmente consegui dar um jeito na gravata. Enfiei as mãos nos bolsos, tentando encontrar algum conforto nas dobras do tecido. Olhei uma última vez para o espelho, como se procurasse por uma resposta que ele não podia me dar, e saí.

No carro, a cidade parecia passar em câmera lenta. Cada semáforo, cada pedestre, cada segundo se arrastava co
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