Enzo
A cidade acordava com pressa, buzinas, sol refletido nos prédios espelhados e a eterna mania de parecer invencível.
Eu? Acordei com raiva.
A mulher sumiu.
Deixou um perfume leve no travesseiro, uma toalha molhada e um silêncio que soava como provocação. Nem um nome. Nenhum número. Nada.
Olhei para o teto e revivi cada segundo da noite anterior. O beijo. As frases afiadas. O corpo quente. O jeito como ela me desmontou inteiro e depois foi embora como se eu fosse só mais um. Isso me corroía.
Mas eu não era qualquer um. E não aceitava ser tratado como se fosse.
Na primeira hora útil da manhã, eu já estava com meu telefone na mão.
— Russo. Preciso que você descubra tudo sobre uma mulher.
— Nome?
— Não sei.
— Então me complica, porra.
— Ela usou o nome “Ariel”. Mas é falso. Estava na minha festa ontem, rooftop do D’Louvre. Alta, loira, olhos claros, vestido verde-esmeralda. Deve ter saído comigo num Jaguar preto, placa blindada. Motel Plaza Garden, suíte 803. Tira as imagens das câmer