Emmy Zack
Daha’ch
Acordei com uma dor surda que latejava por todo o corpo. Meus músculos estavam rígidos, a pele ainda sensível ao toque, como se eu tivesse sido moldada por mãos impacientes. E, de certa forma, fui.
Alec me envolvia como se pudesse me prender para sempre entre os braços. Seu corpo, grande e tenso, pressionava o meu de forma possessiva. Um calor estranho emanava dele, quase febril, e o cheiro — uma mistura de terra molhada, sangue e algo primitivo — preenchia o espaço ao redor.
Tentei respirar fundo, buscando alguma clareza no torpor da madrugada que ainda nos cercava. No teto do quarto, feixes tênues de luz filtravam-se por entre as tramas mágicas que protegiam o local, criando sombras dançantes sobre os contornos de seu rosto.
Meus dedos percorreram, quase inconscientes, as marcas escuras que se espalhavam pelos ombros dele como raízes vivas. Elas pareciam menos agressivas, mais retraídas. Quase... em paz. Mas era uma paz sombria, densa, como o silêncio antes