Com toda graça e calma possível, Sophie se pôs a falar torcendo que seu temperamento explosivo não se manifestasse sem controle. Sorriu com afetação: — A senhora se julga puritana e límpida o suficiente para me condenar? Por favor condessa viúva quer dizer... senhora Valquíria já que esse título não lhe pertence exatamente. Ora, não fui eu quem me casei com um nobre menos de um mês após triste tragédia manchando a memória da condessa "original" mãe do meu amado Albert! eu não sou uma falsa, senhora. Quais os meus pecados? Ter filhos maravilhosos com o meu Homem? Hoje meu noivo, amanhã meu marido. Bem, não preciso roubar o lorde de outra. — Sophie pode ouvir alguns risos e murmúrios baixos se espalhar pelo ambiente e o olhar de Albert fazia sua temperatura subir. Não devia ter falado da mãe dele! pediria desculpas depois. Valquíria e Astrid pareciam assombradas com a resposta dela, a mais velha de pálida ficou quase da cor do batom. — A senhora está vermelha como um camarão! Qu
Na manhã seguinte Sophie não sabia se estava constrangida ou furiosa com Albert por tudo o que aconteceu na noite anterior ou pelo que ele lhe disse na escada uma hora antes de descerem ao café da manhã. Ela teria surtado se não tivessem sido surpreendidos por Mathieu, o homem devia ter o dom de aparecer nos momentos mais inoportunos. Também estava irritada com as crianças por terem escondido as ações de Astrid, como aquela criatura pode ter se atrevido! Eliza e Nicolas não saíram impunes da bronca, não aceitaria que escondessem a verdade dela, não importava o quão grave fosse. No mesa do desjejum teve de se forçar interagir com Arabela que estava visivelmente maravilhada com as notícias dos jornais e das redes sociais repercutindo o noivado. As crianças se limitaram a conversar após a bronca que receberam da tia. Ela por sua vez evitava olhar para Albert, como ela o detestava por mentir! odiava mentirosos, tá... talvez ele tenha omitido, mas não importa! e daí que despediu a go
— As crianças estão estudando na biblioteca. —Anunciou Dagfinn quando ela não os encontrou na salinha de costume. — Temos uma biblioteca? — Perguntou Sophie — Sim senhorita, apesar de inativa por décadas, nós limpamos e modernizamos, foi difícil, mas está pronta para ser usada, haverá mais espaço para os pequenos estudarem. — Eu gostaria de ver. — Estou certo se que a senhorita amará. — Comentou Dagfinn. — É verdade, minha cara Sophie, eu mesma não superei a visão magnífica daquele lugar. — Concordou a senhora do sorriso angelical. — Oh Janine! muito obrigada por todo apoio com as crianças. — Imagina! eu sempre quis ter filhos, sou mesmo apaixonada por crianças, é um prazer para mim lhe ser útil senhorita. — Com licença senhora — Chamou uma jovem funcionária da cozinha — A senhorita Arabela está à vossa procura. Haviam combinado de sair juntas. Só esperava não demorar muito. Arabela insistiu que deveriam ir a um SPA! enquanto escolhiam o tema do cas
Há seis meses a morte trágica e inesperada de sua irmã e cunhado foram os motivos da insônia de Sophie. Mal ela havia terminado o funeral quando descobriu de forma chocante a traição do homem que pensou ser o amor de sua vida. As horas se tornaram intermináveis e as semanas um abismo escuro insuportável. O único motivo que a mantinha viva eram seus sobrinhos. Coube a ela a função de criar e proteger duas criança... mesmo sem emprego fixo, desesperada e endividada. Ao tentar inutilmente se desfazer das coisas de Sabrina naquela manhã, achou uma caixa de madeira guardando o contato do irmão mais velho de Vicente e por cortesia Sophie resolveu comunicar a tragédia. Mas, de boas intenções, o inferno está cheio.... Era meia noite e quinze quando Sophie ouviu o celular tocar. Quem poderia ser? levantou-se cautelosamente da cama para não acordar os sobrinhos que insistiam em dormir com ela. Colocou a historinha "Advinha o quanto eu te amo de Sam McBratney" que leu há pouco na cômoda e foi
— Ah tia Sophie, eu não quero ir, vai ser muito chato. — Queixou-se Nicolas emburrado. — Para de ser malcriado, Nico! — Retrucou Eliza. — Eliza, não questione os mais velhos — Revidou o menino erguendo o corpo numa postura exagerada. — Você só é quatro minutos mais velho do que eu nico! e ainda assim eu sou cinco centímetros mais alta do que vocês!. — Quatro e meio! e não por muito tempo... você vai ver só eu ficarei gigante e você será uma tampinha. — Chega. — Falou Sophie firme antes que uma discussão acirrada iniciasse — Façamos o seguinte, assim que a gente sair da casa de Fátima nós compraremos um lanche, pode ser? — Vamos beber refrigerante? — Perguntou o menino — E tomar sorvete? — Perguntou Eliza — Sim! — Respondeu a tia sorrindo. As crianças abraçaram Sophie comemorando felizes.. Como ficaram mais tempo do que planejado e almoçaram na casa de Fátima. Sophie decidiu que o lanche, sorvete e refrigerante seriam a janta após as crianças tomarem banho. Estava
Albert Larsen tocou o que parecia uma espécie pré-histórica de campainha várias vezes seguidas, a criatura petulante que o aguardasse. Levaria seus sobrinhos de um jeito ou de outro. O portão surrado de ferro foi aberto num rompante barulhento, para sua surpresa por uma mulher que mais se parecia uma... sereia. Se esforçou para não demonstrar que ficou afetado por aquela visão. — Senhorita... Ro..drigues? — Pela expressão assombrada certamente era ela, Albert não imaginou que a mulher pudesse ser... bendito fosse o Criador! ela era apetitosa demais! — O-o que e-está fazendo aqui? — Perguntou visivelmente assustada. O que lhe trouxe uma tremenda satisfação, certamente não era tão corajosa quanto pareceu na ligação. — Depois da conversa que não finalizamos e ter se tornado incomunicável nos últimos dois dias, pensou mesmo que eu ficaria quieto? — Perguntou erguendo uma sobrancelha. — Para ser franca, pensei que você seria de fato uma pessoa incoveniente e muito.... muito ir
— Eu não sou a pessoa mais apropriada para desiludir um iludido — Retrucou, ele se colocou de pé bruscamente e olhou o ambiente com uma análise nada discreta como se dissesse que ela é a única iludida, desconfortável Sophie começou a falar. — Hoje o dia foi corrido, não tive tempo de arrumar a casa. — Acredite, percebi. — Respondeu com desdém. — Não darei nenhuma explicação a você. — Creio que também não tenha pedido, a questão é senhorita Rodrigues, está evidente que este lugar precário não tem a menor estrutura para criar uma criança, principalmente os meus sobrinhos. E a senhorita não tem as exigências necessárias para o papel de mãe. — Falou no mesmo tom frio e distante da ligação. — Você consegue ser ainda pior do que pareceu no telefone. Vem a minha casa sem ser convidado e desmerece a mim e minha vida, não tem o direito de fazer isso, você não me conhece, não sabe nada sobre mim e essa casa que não tem a menor estrutura como disse foi onde cresci com minha família. Você
Sophie não podia deixar de pensar que foi um milagre ter conseguido arrumar as bagagens em tão pouco tempo. Eliza e Nicolas, no entanto, não foram difíceis de convencer viajar, é certo que ela não explicou os verdadeiros termos. Quando Albert chegou com motorista particular e o carrão, as crianças pareciam intimidadas. Já Sophie não podia deixar de sentir raiva ao olhar o rosto do homem, ele provavelmente dormiu bem a julgar pelo ar de vencedor. — Fico contente que tenha feito a escolha sensata, senhorita Rodrigues. — Sussurrou no ouvido dela assim que chegaram ao aeroporto. Sophie quis morrer! Nunca se sentiu tão vulnerável, tola e impotente. Estava mesmo sendo dominada pelo pavor, não podia deixar que seus sobrinhos fossem deportados, não mesmo! Jamais deixaria de os proteger e nunca os entregaria para aquele homem. Ela, porém, tinha um plano.... Albert se cansaria mais cedo ou mais tarde e com toda certeza não haveria espaço nos coraçõezinhos deles, Sophie tinha o amor ao seu l