Os dez alunos já estavam em suas cadeiras e seguravam seus violinos, quando as cortinas se abriram. Evangeline não precisou de nenhum esforço para encontrar Alec. Ele tinha ocupado a cadeira ao lado de Felippa, que o encarava como se fosse uma maníaca.
Jude adentra o palco e todos se levantam para aplaudi-lo. Ele faz uma reverencia e logo estão sentados novamente.
A primeira música escolhida, era um clássico. Eine kleine Nachtmusik (Pequena Serenata Noturna), de Mozart. Foram quase dezenove minutos daquela música, que fez algumas pessoas chorarem e outras dormirem de puro tédio. Ao fim daquela música, era hora das apresentações solos. Um por um iniciava uma música de sua escolha.
Antes das cortinas serem abertas, Jude e Marylin tiveram uma conversa ao pé do ouvido e a ordem das apresentações individuais foi alterada. Evangeline que seria a terceira, era a última. Ela e seus outros colegas, não entenderam o porquê dessa decisão, mas aceitaram.
Quando finalmente chega a vez dela, Evie começa a introdução de God Save The King, de Paganini. Todos ficaram extremamente surpresos com aquela escolha, já que essa música era considerada uma das mais difíceis a ser tocada. Só alguém com muita habilidade, era capaz de fazê-lo com maestria.
E Evangeline era essa pessoa. Quando ela começou a tocar, não houve uma pessoa naquele teatro, que não tenha ficado vidrado com a apresentação. Inclusive Felippa, que odiava música clássica e havia passado todo o recital encarando Alec. Evie tocou aquela canção com os olhos fechados o tempo todo. Era sua maneira de conseguir senti-la. E no momento em que ela finalizou sua apresentação, todas as pessoas que ali estavam presentes, se levantaram e a aplaudiram com fervor. Ela não conseguia esconder sua felicidade. Alec a aplaudia sutilmente, enquanto carregava um belíssimo sorriso. Felippa gritava alucinadamente.
As cinco pessoas destinadas a julgar aquelas apresentações individuais, já tinham o seu veredito. Marylin caminhou sensualmente diante deles e pegou o envelope da última pessoa naquela fileira. Ela sobe ao palco sorridente, fazendo com que seus saltos ecoem pelo piso de madeira.
— Aqui nesse envelope, temos o nome do vencedor dessa noite. — Jude diz, recebendo o envelope de sua secretaria. — Então sem mais delongas... — ele fez um suspense, levando algumas pessoas a revirarem os olhos. — Evangeline Atkins.
Evie quase se sentou, pois tinha certeza de que não era o seu nome que seria anunciado. Assim que as palavras saíram da boca de Jude, Evangeline arregalou os olhos e olhou diretamente para sua melhor amiga. Felippa gritava o dobro de antes e aplaudia com força. Alec tinha um olhar sério, mas um sorriso de lado, enquanto também a aplaudia.
Jude se aproximou dela e lhe entregou um pequeno troféu, juntamente de um cheque no valor de mil dólares. Evangeline não conseguia conter seu sorriso, que cresceu ainda mais, com a frase que Jude soltou a seguir.
— Além desse prêmio, você ganhou um ano de mensalidade gratuita. No caso, mais um ano de sua bolsa. Parabéns, Evie.
Evangeline segurou o choro que queria sair e apenas balançou a cabeça, sussurrando um obrigada. As cortinas se fecham e todos os alunos se preparam para irem embora. Após as felicitações que recebeu, Evie vai ao encontro de Felippa.
— Você foi incrível, amiga! — ela diz, ainda sorridente. Felippa não poupava elogios para Evangeline. — A única que fez todo o teatro ficar acordado. Nossa... perfeito.
— Ah, Felps... não é para tanto.
— Claro que é. Até aquele monumento ficou impactado com a sua apresentação. Juro, amiga. Ele ficou vidrado!
Antes de responder aquilo, Evie nota que o assunto em questão, está indo em sua direção.
— Ele está vindo. — ela murmura.
Felippa segura a mão da amiga e se vira, no exato momento em que Alec para diante das duas. Ele coloca as mãos nos bolsos e sorri para Evangeline.
— Você não pode imaginar o tamanho da surpresa que eu tive, ao ver você naquele palco. — ele diz, tentando parecer sutil. — Você foi brilhante, Evangeline. Mereceu o primeiro lugar.
— Obrigada, Alec.
— Quer ir comemorar? — Alec repara no olhar estranho que Felippa lançou. — Quer diz, sair para comer algo. Imagino que esteja com fome.
— Eu não...
— Nós estamos! — Felippa responde, puxando a mão de Evangeline. Ela nunca recusava uma boca livre. Menos ainda quando era oferecida por um bonitão cheio do dinheiro. — Onde irá nos levar?
Evangeline estava pronta para negar aquele pedido, quando sua amiga o aceitou. Alec encarou as duas e soltou uma risada baixa.
— Tem um restaurante na...
— Ah, não! — Felippa o interrompe, já puxando Evangeline. — Vem conosco. Já sei aonde iremos.
Alec não gostava da ideia de ter uma intruja na sua tentativa de sedução, mas já havia percebido como Felippa protegia sua amiga. E se ele realmente estava disposto a conquistar Evangeline, teria que fazer o mesmo com Felippa.
— Já vai? — Marylin entra na frente de Alec, o impedindo de sair do teatro. — A festa para investidores vai começar no andar de cima. Eu posso acompanhá-lo até lá.
Evangeline e Felippa tinham parado de andar, quando viram que Alec não a estavam acompanhando. Elas encaravam a conversa de Alec com Marylin, com bastante curiosidade.
— Creio que não será possível. — ele responde, olhando na direção das amigas. — Tenho um compromisso agora. Mas...
Alec tira a carteira do bolso e dali o talão de cheques. Ele encosta o talão na parede, escreve rapidamente e entrega a folha para Marylin.
— Espero que essa contribuição seja mais do que o suficiente. Boa noite.
Ele então da as costas para a mulher atônita, que encarava o cheque no valor de trezentos mil dólares. Era obvio que logo alguém faria perguntas por Alec ter gastado um valor tão alto e tão rápido, mas ele pensaria em alguma coisa.
— Tudo bem? — Evangeline pergunta, quando ele se aproxima delas.
— Claro. E então? Vamos? Também estou morrendo de fome.