Cap. 5
Cap. 5
O rapaz dos fones. Aquele que, há menos de meia hora, virou o meu mundo de cabeça para baixo. Não era possível. Como podia ser ele de novo?
Congelei, os olhos vidrados nele, uma pontada de reconhecimento misturada ao choque.
Minhas mãos subiram aos lábios, tremendo, enquanto desviei o olhar, sentindo meu rosto esquentar. Como a vida podia ser tão caprichosa a ponto de nos colocar frente a frente novamente, tão rápido? Era o mesmo rapaz que me salvara no beco apertado, e que sumiu em disparada sem dizer uma palavra, como se eu fosse invisível, deixando-me ali, sozinha, com o coração aos pulos em pânico.
Apertei a prancheta contra o peito, os nós dos dedos brancos. Agora, sem a adrenalina do beco, sem o caos da fuga, eu o via com uma clareza e admiração como meu salvador.
E de perto, ele era ainda mais... impactante. Meus olhos percorreram cada detalhe, a forma como ele mantinha a concentração absoluta, completamente alheio a tudo ao redor.
Não era só a mim que ele ignorava, como