Cap.10
Os dias seguiram assim, ela na cadeira de trás, ele na da frente. Silêncio. Proximidade. Segurança.
Brenda nem sabia quando aquilo se tornara rotina, só sabia que, agora, aquela meia hora dividindo o mesmo ônibus era o único momento do dia em que conseguia respirar com alguma tranquilidade. Gabriel não falava, não olhava para trás, mas sua presença bastava. Era como uma muralha invisível que Jonas não ousava atravessar.
E Jonas estava sempre por perto.
Ela o via à distância, perto das esquinas, fingindo atender o telefone ou cruzar a rua sem destino. Algumas vezes, apenas encostado em algum carro velho, de braços cruzados. Brenda já não tinha mais o que pensar a não ser que pudesse ser o destino — mal sabia ela.
Gabriel a observava furtivamente, e sempre notava e anotava rotinas, gostos, como se estivesse a estudando.
Esperava o ônibus no mesmo ponto todos os dias, e Brenda sempre estranhava o fato de ele não pegar nenhum dos ônibus que o levariam para casa, já que, a partir da