Donatella Romanova
A noite estava mais fria que de costume, mas o calor do conhaque descia pela minha garganta como uma espécie de consolo. Não era a primeira taça, e eu sabia que não seria a última. O líquido âmbar parecia ser a única coisa capaz de silenciar os ecos constantes em minha mente — as dúvidas, as memórias.
Sentada na poltrona da biblioteca, eu brincava com o copo em minhas mãos, observando as luzes fracas da sala refletirem na superfície do conhaque. Era reconfortante, familiar, e ao mesmo tempo, uma lembrança dolorosa.
A voz de Roman me tirou do transe. Ele estava parado na soleira da porta, com uma jaqueta de couro preta e um jeans escuro. Para mim, era a própria personificação do diabo, tão sedutor e cruel na mesma medida.
— Você tem bebido mais do que deveria. — Ele estava parado na porta, os braços cruzados, me observando com aquele olhar crítico que ele ostentava com destreza.
Suspirei, levando o copo aos lábios novamente antes de responder.
— Não sabia