Adam Bennett não esperava nada daquele café além de um lugar para respirar depois de uma sequência interminável de reuniões. Entrou acompanhado de alguns investidores, discutindo projeções e contratos, a mente presa no trabalho como quase sempre nos últimos anos. Ele caminhava à frente do grupo, focado, profissional, com a expressão neutra que aprendera a usar como armadura. E então, sem aviso algum, ergueu os olhos. E a viu. Não podia ser ela, não aqui, não agora. Mas era, Camille. Sentada perto da janela, com a luz do fim da tarde tocando seu rosto do jeito que ele sempre guardou. O cabelo longo, os olhos intensos, a postura delicada e forte ao mesmo tempo.
Um único segundo foi suficiente para desfazer tudo o que Adam construiu em sete anos. Por um momento involuntário, quase imperceptível, Adam vacilou. A máscara profissional rachou. O passado atravessou o presente com força. O mundo continuou ruidoso, mas Adam entrou em silêncio, o mesmo silêncio em que viveu desde que a perdeu. O