Tonta. Ingênua.
Linda.
O vestido preto justo realça suas curvas.
O cabelo, impecável, em ondas suaves que emolduram o rosto maquiado com perfeição. A boca desenhada num sorriso radiante. Ela entra na sala como quem sabe que pertence ali — linda, forte, inacessível.
E Raul...
Raul a vê.
E algo dentro dele muda.
Ele se endireita.
O copo de vinho baixa devagar.
O sorriso brota — não espontâneo, mas reverente e ele vai até ela.
A segura pela mão com uma delicadeza que me corta. A puxa para si num abraço firme, como se aquele fosse o seu lugar. Como se aquele fosse o amor dele.
Eu observo. Paralisada.
Vejo o modo como ele acaricia o rosto dela com o polegar, afastando uma mecha de cabelo com um carinho que é impossível fingir.
Vejo o cuidado.
A admiração.
A escolha.
Vejo a mulher linda, forte, deslumbrante — e me pergunto...
Deus! Será que é tudo da minha cabeça?
Que eu imagino esse fogo entre nós?
Essa ânsia silenciosa nos olhos dele, essa eletricidade queimando o ar cada vez que nossas mãos se roçam sem