“Ponha-se no seu lugar, você é apenas uma empregada!” As palavras dele não foram apenas ditas — foram cravadas como lâminas no peito dela. Desde menina, Olívia Clarke vive à sombra dos corredores frios do castelo de Eldora… e de um amor tão impossível quanto incontrolável. Seu coração sempre pertenceu ao príncipe Felipe de Alencar, o herdeiro de olhos verdes que, um dia, a fez sorrir — e, depois, a fez sangrar. O tempo transformou tudo. O menino doce virou um homem frio, moldado pela coroa e pelos deveres da realeza. E quando Felipe, encarando-a com desprezo, declara: “Pessoas como eu não se misturam com pessoas como você”, Olívia entende que o mundo deles nunca permitiu espaço para sonhos como o dela. Mesmo assim, o destino insiste em cruzar seus caminhos. Entre jantares formais e olhares escondidos, deveres que sufocam e desejos que queimam, os dois travam uma guerra silenciosa entre o que sentem e o que esperam deles. Ele deve se casar com uma mulher nobre. Ela deve continuar invisível. Mas e se o amor for mais forte que o sangue azul? E se, mesmo entre mentiras, renúncias e traições, houver uma chance de reescrever o final? “Entre a coroa e o desejo, entre o castelo e o coração… até onde você iria por um amor que o mundo inteiro diz ser errado?”
Leer másPOV Olívia
11 anos atrás Estava escondida na estufa do castelo, cercada por plantas que se entrelaçavam em um emaranhado de verdes e flores coloridas. O cheiro da terra molhada e o leve toque do sol me envolviam, como um manto acolhedor que me protegia do mundo exterior. Era um refúgio, um lugar onde eu podia me perder enquanto tentava esquecer a dor que pesava. Eles fizeram de novo… mas desta vez é pra sempre. Faziam 3 meses que meus pais foram embora, e eu havia aprendido a contar os dias com um peso crescente de desespero. Era como se uma parte de mim tivesse se apagado, um buraco negro se formando onde antes havia amor e segurança. O dinheiro para eles vinha primeiro que o “amor” que diziam sentir por mim, a minha criação só traria despesas e prejuízo, segundo eles. Quando eles desapareceram pela primeira vez, eu tinha apenas 7 anos. Vovó sempre dizia que eles voltariam, que era só uma fase, mas agora, com o olhar triste e resignado que ela usava quando eu perguntava por eles, percebi que, desta vez, era diferente. “Olívia?… Olívia, onde você está?” A voz de Felipe cortou o silêncio, e meu coração deu um salto. “Felipe?…” chamei de volta, a voz tremendo, quase um sussurro. “Olívia, o que aconteceu? Eu te procurei por todo o castelo!” Ele entrou na estufa, sua presença era como um raio de sol iluminando meu mundo sombrio. As lágrimas que eu havia segurado por dias começaram a escorregar pelo meu rosto, como se finalmente tivessem conseguido se libertar. “Eles foram embora, Felipe… dessa vez, pra sempre.” A verdade escorregava entre meus lábios. Ele me abraçou com seus braços magros, e eu pude sentir sinceridade e segurança naqueles minutos. “Tá tudo bem… vai ficar tudo bem. Eu vou estar com você aqui, pra sempre.” E eu me agarrarei a essa promessa como uma salvação. ATUALMENTE……. “Olívia, é isso que você chama de limpeza? Esse chão está imundo.” A voz de Fernanda Smith cortou o ar, seu tom ácido era como um veneno. “Mas o chão está brilhando, senhorita Smith.” Tentei defender o meu trabalho, mesmo sabendo que era em vão. “Se não fizer o seu serviço direito, o rei vai ficar sabendo disso e você vai ser mandada para o olho da rua” Seu olhar era gélido. Suspiro, tentando conter a raiva e a frustração “…me desculpe! Isso não vai se repetir ” minha voz mal conseguia esconder o ódio que sentia por essa mulher. Fernanda era como uma bruxa em pessoa, a governanta do castelo era como uma sombra que pairava sobre mim. Ela adorava despejar seu ódio, especialmente agora que minha avó precisou se afastar dos serviços no castelo. Não podia me dar ao luxo de ser demitida ou ter o salário reduzido, eu precisava garantir as fisioterapias da vovó e o aluguel do pequeno quarto onde vivíamos, que aliás, só visitava aos finais de semana. O coração doía ao deixa-lá sozinha, mas não tínhamos outra opção. Meus pais…bem… eles me abandonaram quando eu era pequena, me deixando nos cuidados da minha avó Amélia, que sempre fez de tudo por mim. Estava ali, esfregando o piso do salão mais uma vez, quando o vi. Aquele que sempre foi o meu sonho impossível, o que um dia me salvava e agora me desprezava tanto: a vossa alteza, Felipe de Alencar, nos jardins do castelo, jogando croqué com seus amigos. Há um tempo atrás, eu era um deles. Era uma criança feliz, ele me fazia sentir segura e amada, até que o mesmo descobriu que não deveria andar com alguém tão baixa e sem títulos como eu. Lembranças on: “Não podemos mais ser amigos,” ele disse com uma convicção fria. Nunca antes suas palavras haviam soado tão determinadas, tão definitivas. “O que?….por que está dizendo isso? Felipe você prometeu que estaria sempre ao meu lado…” minha voz quebrou em meio às lágrimas. “Um príncipe deve renunciar aos próprios desejos e sentimentos pelo bem de seu povo e de seu reinado,” ele me cortou, impassível. “Sinto muito, Olívia. Peço que não me dirija a palavra a menos que eu a solicite. Passar bem! Lembranças off O coração sempre apertava ao vê-lo. Ele sempre foi tão angelical com seus cabelos castanhos bagunçados e seu sorriso radiante. Enquanto jogava, a luz do sol refletia em seu rosto, e eu me peguei admirando-o pela janela, perdida em pensamentos. Como tudo havia mudado… A alegria da infância se transformara em saudade e agora só restam os ecos das promessas feitas entre nós. “Observando o seu gato?” Bia, minha melhor amiga, sempre tão intuitiva e astuta me assustou ao aparecer ao meu lado. “Ele não é o meu gato…” murmurei, com a voz quase inaudível. “Está longe disso.” “Olívia, você está babando olhando pra ele,” Bia disse, com um sorriso provocador. “Até quando vai nutrir isso? “Eu já o esqueci,” respondi, mas minha voz falhou. Era uma mentira que eu estava tentando acreditar. “Está na cara que você ainda o ama,” ela insistiu, olhando fixamente para mim. “Você precisa falar pra ele ou esquece-lo de vez.” Fiquei em silêncio, voltando a limpar o chão, como se isso pudesse varrer também os sentimentos confusos que se aglomeravam dentro de mim. “Fico com a segunda opção,” disse, tentando soar mais confiante do que realmente me sentia. Bia bufou, revirando os olhos. “Você sabe que isso não vai funcionar.“ “Sei disso, Bia, mas…” resmunguei, com a frustração visível na minha voz. “É diferente agora, para ele sou só mais uma empregada do castelo. Não vale a pena correr atrás de algo que nunca vou ter. Ele tem tudo, e eu sou apenas a serviçal que ele ordena que lave suas roupas “ respondi, com um suspiro derrotado. Bia parecia pronta para contra-argumentar, mas apenas balançou a cabeça, resignada. “Precisa parar de se menosprezar. Você é muito mais do que isso. Se ele não vê, quem perde não é você.“ O olhar de Felipe está tão distante, tão indiferente. Era como se uma barreira invisível nos separasse, e eu não sabia como quebrá-la. “Talvez eu devesse esquecer tudo isso e focar no que realmente importa,” disse, mudando de assunto. “Eu preciso trabalhar.” E assim, eu seguia, perdida em pensamentos e lembranças, presa entre o que era e o que poderia ter sido, sem saber se algum dia conseguiria encontrar meu lugar.O bar estava mais vazio do que o normal naquela noite. A maioria das pessoas já tinha ido embora, e a agitação do turno estava se dissipando lentamente, com apenas alguns funcionários ainda limpando e organizando os utensílios. Eu estava no balcão, lavando copos, os dedos deslizando pela superfície fria, tentando organizar meus pensamentos. Já havia algum tempo que eu estava em Londres, e a adaptação, embora difícil, tinha se tornado parte da minha realidade. A cada dia, eu conseguia levar mais comida para casa e, graças ao trabalho, consegui marcar minha primeira consulta médica. Mas a ideia de sentar e esperar Felipe, se é que ele viria, parecia uma ilusão. Eu não podia ficar à espera de algo que talvez nunca acontecesse. À minha frente, Éric limpava o chão com um movimento exagerado, fazendo mais barulho do que necessário. Ele me olhou rapidamente e sorriu, como se estivesse tentando criar uma oportunidade de conversa. — Você já terminou aí? — Ele perguntou, com um tom que soava
Pov Felipe Eu não conseguia acreditar. As fotos estavam espalhadas sobre a mesa, mas eu não conseguia tocá-las. Só de olhar para aquelas imagens, meu peito se apertava como se alguém estivesse arrancando algo de dentro de mim.Olívia… com outro homem.Em uma praça.Em Londres.Mas que merda? Meu estômago revirou. Minha cabeça gritava que era um engano, que tinha alguma explicação, que…— Isso é mentira. — Minha própria voz soou estranha aos meus ouvidos.Henrique suspirou do outro lado da mesa. Ele parecia… não triste, mas resignado. Como se já soubesse que essa conversa terminaria assim.—Alteza…— Não pode ser. — Peguei uma das fotos com mãos trêmulas, os dedos apertando o papel com força. Meus olhos analisavam cada detalhe, procurando qualquer falha, qualquer coisa que provasse que aquilo era um truque, uma armação.Mas tudo parecia real.Meu coração batia tão forte que eu sentia o sangue pulsando nos ouvidos.— Felipe… tudo se encaixa.Levantei o olhar para ele, e minha própria
POV HenriqueA fumaça do meu cigarro subia devagar, se misturando com o cheiro forte de café velho no escritório. A chuva batia contra a janela, e o relógio na parede marcava quase oito da noite. Eu estava há horas analisando relatórios, rastreando contatos, tentando seguir qualquer rastro que levasse até Olívia. Até agora, nada.Suspirei, esfregando o rosto. Felipe estava impaciente. E com razão. Mas encontrar alguém sem documentos, sem qualquer registro de viagem, sem pistas concretas… Era como procurar uma agulha num palheiro.Uma batida na porta me tirou dos pensamentos.— Pode entrar — falei, apagando o cigarro no cinzeiro cheio.Minha secretária, Clara, apareceu com a expressão tensa.— Henrique… A rainha deseja vê-lo.Meu corpo ficou rígido.— Agora?Ela assentiu.Engoli em seco. Ter a realeza envolvida nesse caso já era complicado. Ter a rainha diretamente no meu escritório? Isso não podia ser bom.— Mande-a entrar imediatamente — respondi, tentando manter a compostura.Clara
POV OlíviaDuas semanas e três dias Foi esse o tempo exato desde que nos jogaram em Londres sem documentos, sem dinheiro, sem nada.Foram três dias dormindo ao relento, encolhidas em uma casinha de madeira abandonada na praça, tentando nos proteger do frio cortante. Três dias de fome, de medo, de desespero, até que um guarda nos encontrou e nos expulsou dali como se fôssemos ratos.Minha avó chorava, implorava, mas ele não teve piedade.E foi ali, no meio da calçada, com nossas poucas roupas dentro de um saco de lixo, que conheci Derek.Ele era o dono de um bar decadente perto da praça. Baixo, barrigudo, sempre com um cigarro pendurado nos lábios e um olhar de quem já viu desgraça demais na vida. Ele ficou nos observando por um tempo, os olhos apertados, até que bufou e se virou para mim.— Sabe lavar prato, menina?Eu só consegui assentir, a garganta travada.— Ótimo. Vem comigo.E foi assim que consegui um trabalho. E um teto.Quer dizer… “teto” era um jeito generoso de chamar aqu
POV FelipeQuinze dias.Malditos quinze dias.E eu ainda não sabia porra nenhuma.Nada.Nenhuma pista. Nenhum rastro. Nenhuma resposta que fizesse sentido.E agora esse merda de detetive tinha a audácia de olhar na minha cara e dizer, pela milésima vez, que não encontrou nada?— VOCÊ TÁ DE BRINCADEIRA COM A MINHA CARA, NÉ? — Minha voz saiu tão alta que os vidros das janelas tremeram. — QUINZE DIAS, CARALHO! QUINZE DIAS E VOCÊ NÃO TEM PORRA NENHUMA PRA ME DIZER?!O filho da puta do detetive respirou fundo, tentando manter a pose de profissionalismo, mas eu vi o desconforto no olhar dele.— Alteza, estamos investigando todas as possibilidades, mas…— MAS O QUÊ?! — Eu bati a mão na mesa dele com tanta força que uma pilha de papéis caiu no chão. — VOCÊ TÁ SENDO PAGO PRA ME DAR RESPOSTAS, NÃO DESCULPAS!Minha respiração estava pesada, meu coração batia rápido, minhas mãos tremiam de raiva.Ódio.Frustração.Desespero.Eu não dormia. Não comia. A cada minuto, minha mente imaginava mil cenár
POV Olívia O avião começou a perder altitude, e naquele instante, eu soube. Acabou. Tudo o que eu sonhei um dia… tudo o que eu imaginei para mim, para Felipe, para o nosso bebê. Acabou. Meus dedos se apertaram contra o tecido fino da minha roupa. Meu peito subia e descia descontroladamente, o nó na garganta ameaçando me sufocar. Eu queria gritar, queria espernear, queria lutar… Mas já não havia mais nada que eu pudesse fazer. Eles venceram. Minha avó segurou minha mão, apertando de leve, como se tentasse me passar alguma força. Mas eu sabia que ela estava tão assustada quanto eu. Quando o avião pousou, dois capangas da rainha nos obrigaram a descer. O vento gelado bateu no meu rosto e eu estremeci, não só pelo frio, mas pelo desespero que crescia dentro de mim. Eu olhei ao redor. Tudo era estranho, desconhecido. Um aeroporto movimentado, pessoas passando apressadas, placas com palavras que eu mal conseguia entender. Minha mala foi jogada no chão, a da minha avó também. — I
Último capítulo