..... ALGUNS DIAS DEPOIS ..... LANA Pela centésima vez me remexo na cama. Mudo de posição da cama, ficando deitada de barriga para cima — uma das poucas posições que ainda consigo dormir. Os meus olhos fitam o teto do meu quarto, na expectativa de ainda conseguir adormecer. Sinto outro desconforto na frontal do abdômen. — Desisto... — resmungo com a voz embargada de sono. Levanto-me e vou ao banheiro para fazer minhas necessidades matinais. A noite passada foi longa devido ao meu constante desconforto com as contrações uterinas — comuns nas últimas semanas mas que me deixam ainda mais apreensiva. São contrações de treinamento, indolores mais incômodas. Duram alguns segundos e são irregulares e imprevisíveis. No espelho do banheiro, noto que o formato da minha barriga está diferente. Massageio com as mãos e sinto ela mais dura. — Apenas três dias. — penso alto. Daqui três dias acontecerá o parto do Hugo e tudo irá passar — novas mudanças mas pelo menos os sintomas da gestaç
..... 01:40 ..... — Eu não fiz isso... — levanto-me da cama, resmungando. Outra madrugada em claro com dificuldade para dormir devido às contrações de treinamento e para piorar, urinei na cama. "Quando isso aconteceu? Eu perceberia que queria ir ao banheiro, apesar de não conseguir segurar o xixi por muito tempo." — penso, irritada. Acendo a luz para iluminar o quarto e fito o lençol da cama molhado e minhas pernas também. Passo a mão em minha coxa e noto que não tem odor o líquido. — Que estranho... — murmuro. Curvo o corpo quando sinto uma nova contração, desta vez mais forte que o comum e no mesmo instante minha barriga fica rígida. Fico curvada por longos segundos até que sinto a dor amenizar. — Não, não, não... — caminho até a porta do meu quarto e chamo — Vicente! Vicente! Apoio o corpo do batente da porta e escuto o som de passos rápidos. Logo, o Vicente se materializa em minha frente, assustando: — Lana? O que houve? — Eu acho que a minha bolsa estou
..... 7:00 ..... Finalmente a Luna e minha mãe, Maria Helena, atenderam as ligações do Vicente e vieram ao hospital. — Eu nem tenho sono pesado, foi muito azar justamente hoje eu não ouvir as ligações de vocês. — minha mãe diz para o Vicente, se explicando. — Vocês não perderam nada. — Vicente diz — Estamos assim já tem horas. A água quente do chuveiro escorre pelo meu corpo, estou agarrada nas barras de apoio enquanto lágrimas escorrem. — Eu sei que não é fácil, Lana. — Luna diz me afagando. — Eu não imagino ninguém que esteja sentindo esta dor neste momento além de mim... — resmungo. — Eu pensava a mesma coisa, mas passa. — Luna afirma — Você já está na reta final, logo este sofrimento irá acabar e você nem irá se lembrar mais da dor. — Acho difícil. — pressiono os lábios quando outra contração vêm — Parece que nunca vai chegar ao fim. — Que tal fazer agachamentos? — Luna sugere. — Não quero. — Mas irá ajudar... — Eu não estou aguentando de dor, Luna! — ol
O som dos monitores preenchem a sala de parto e logo serão ignorados devido aos meus gritos. Vejo Vicente entrar acompanhado das enfermeiras que irão auxiliar o doutor Tanaka no parto, acompanhado do médico pediatra do bebê. — Chegou a hora, amor. — Vicente diz quando está ao meu lado. — Eu estou com medo. — revelo. Na verdade, creio que o tremor em meu corpo denuncie o meu pavor, além de estar estampado em meu rosto. — Eu estou aqui, tá? — Vicente diz na tentativa de me acalmar — Você é a mulher mais forte que eu já conheci. — E se eu não conseguir...? — pergunto com a voz trêmula. Sinto uma nova onda de contração, agora mais forte me fazendo arfar. — Você consegue. — escuto Vicente dizer. Fecho os olhos tentando me concentrar em qualquer coisa que não seja a dor — missão fracassada. — Lana, você está indo muito bem. — o doutor Tanaka começa a conversar comigo — A dilatação está quase completa. Agora, precisamos começar a empurrar o bebê para fora. — Está bem. —
..... MAIS TARDE ..... Após receber os cuidados devidos, sou transferida para o quarto. — Senhora Lana, traremos o seu bebê assim que ele estiver limpo. Enquanto isso, você pode aproveitar que está no quarto e descansar. — a enfermeira diz-me, parada ao lado da cama enquanto estou deitada. — Está bem. — Gostaria de tomar um banho? — ela pergunta-me. — Sim, eu adoraria. — respondo. Este é meu primeiro e único parto, sou suspeita em falar que o pós recuperação do parto normal é mais fácil, mas esta é a impressão que tenho. Não tenho dúvidas de que um banho iria me fazer sentir ainda melhor. Recebo ajuda da enfermeira para levantar da cama e no banho, consigo realizar a atividade sozinha, apesar da enfermeira estar apostos caso eu precise de ajuda. Ao retornar ao quarto, me aconchego na cama e em seguida, a porta é aberta pela enfermeira que traz o bebê acompanhada pelo Vicente, o qual vêm logo atrás. — Aqui está o seu bebê, mamãe. — a enfermeira diz entregando o bebê para mim.
..... DOIS DIAS DEPOIS ..... — Bem vindo ao seu lar, Hugo. — digo ao adentrarmos minha casa. O bebê enrolado no cobertor, de 47cm e 3,458kg balbucia enquanto dorme. — Nada melhor do que estar em casa. — Vicente diz logo atrás de mim, enquanto carrega as malas. — Nem me fale. — falo em concordância — Não via a hora de chegar em casa e dormir em minha cama. — pausa — Se é que irei dormir. Vicente ri baixo e eu o acompanho. — Nossas noites nunca mais serão as mesmas. — Vicente comenta. Com apenas dois dias de vida, Hugo nos provou que tem pulmões fortes, pois quando começa a chorar não há quem não escute. O Vicente também provou ser um ótimo acompanhante de hospital, apesar de não ter experiência com bebês. — Eu tomei a liberdade de mudar o berço do Hugo para o seu quarto, para que você não precise andar muito quando ele acordar durante a noite. — Vicente diz-me — Pelo menos nos primeiros meses. Durante o dia, o Vicente trocava com a minha mãe para poder sair do hospital e res
..... ALGUNS DIAS DEPOIS ..... VICENTE Ao me lembrar do aniversário de Lana, fiquei a pensar em como fazer algo especial. Lana deixou bem claro para toda a família que não queria festas ou mesmo visitas, pois o Hugo acaba de completar uma semana de vida e a mesma está a se recuperar. Bato na porta do quarto, em seguida abro e tenho visão da Lana colocando o Hugo em seu berço. — O jantar está pronto. — aviso com um tom de voz baixo para não acordar o bebê. — Ok! Lana coloca a babá eletrônica ao lado do berço e vamos juntos para a sala de jantar onde a refeição está servida. Deixo a Lana entrar na sala primeiro e observo a sua reação de surpresa ao ver o jantar especial que preparei. — Oh, Vicente! — ela olha-me, desacreditada. — Surpresa! — sorrio. Lana abraça-me e eu retribuo, aproveitando a sua aproximação. — Eu pensei que tivesse se esquecido. — ela diz envergonhada. — Nunca me esqueceria de um dia tão importante quanto este. — afirmo. Acompanho Lana até a mesa e puxo
.... DUAS SEMANA DEPOIS ..... Acordo sentindo-me perdida, olha ao redor para ver que estou em meu quarto e o Hugo está dormindo tranquilamente em seu berço. Olho no visor do celular e vejo que são 14:40, sendo assim dormi cerca de trinta minutos. Levanto-me decidida a organizar a casa e almoçar — já que não consegui fazer a refeição no horário adequado. Coloco a babá eletrônica ao lado do berço e saio do quarto. Vicente já retornou ao trabalho, então fico o dia todo sozinha com o Hugo em casa. Na primeira semana tive minha mãe e Luna a minha disposição para auxiliar com o bebê, mas agora as visitas diminuíram e fico por conta própria. Sinto-me um pouco mais aliviada, pois enfim estou conseguindo amamentar o Hugo. Recebi a ajuda da Luna com estimulações e também com a posição correta para que o Hugo pegasse o peito. LEMBRANÇA ON — A posição é muito importante, segurando assim, o bebê consegue pegar o peito corretamente. — Luna diz enquanto ajusta a posição do Hugo em meus braço