Narrado por Maitê
Como sempre, minha vida parece uma novela escrita por um roteirista sádico. Uma sequência infinita de desgraças, como se alguém tivesse jogado uma macumba bem-feita pra cima de mim. Nada dá certo. É uma coisa ruim atrás da outra, sem pausa, sem trégua. Um ciclo maldito.
Depois da conversa com a Bruna, me recolhi no quarto e desabei na cama. Meu corpo estava cansado, mas a mente fervia de pensamentos e frustrações. Adormeci de tanto pensar, só pra acordar no meio da madrugada, por volta da 1h. O “lorde” ainda não tinha chegado. Claro. Por que chegaria? Homem não muda, né?
Desci as escadas com o estômago embrulhado e me joguei no sofá da sala. Às 2h em ponto, ouvi a porta se abrindo. Ele tentou entrar sorrateiro, mas o molho de chaves caiu no chão, fazendo um estrondo.
— Merda — ele resmungou.
— Que bela hora pra chegar, não é? — falei sem levantar a voz, mas cada palavra era um soco.
— Calma, amor, eu tava trabalhando. — Ele se aproximou, e foi aí que senti o cheiro.