Tuca
Minutos depois, sinto a minha pele esquentar consideravelmente e resolvo passar um pouco de protetor solar. Portanto, sento-me em cima da toalha no exato momento que um rapaz traz uma bandeja com as nossas bebidas. Abro a minha bolsa e pego o creme para espalhar no meu corpo, erguendo os meus olhos para apreciar a vista. Foi quando o vi dá um salto na areia e bater com força na bola que atravessou a rede estendida na sua frente e bateu com violência no campo do adversário. De quem estou falando? De um certo Ken moreno, o tal que fugiu do mundo dos brinquedos.
E que brinquedo, Deus do céu, a Barbie realmente sabe o que é viver.
Suspiro e seguro o meu copo de vodca com limão e gelo que estava do meu lado e bebo um gole considerável. Santo Deus, nunca façam a merda que acabei de fazer. A porra da vodca desceu queimando tudo dentro da minha garganta e automaticamente os meus olhos se encheram d`água e eu puxei a respiração, tentando sobreviver a esse quase afogamento alcoólico.
— Eita, está tudo bem por aí? — Val indaga, arregalando os olhos na minha direção. Forço um sorriso para a minha amiga e sem condições alguma de lhe responder faço um legal para ela com meu polegar.
— Miga, vou te dizer uma coisa se você não quiser, eu quero! — Mirela resmunga, praticamente babando na cena a nossa frente.
Gustavo tirou os óculos, ergueu os braços para o alto para alongar as costas, que ressalta cada músculo do seu corpo e em seguida ele correu de encontro ao mar, que trazia algumas ondas altas para a margem. Ele se jogou ali, inclinando o seu corpo para frente e sumiu nas águas esverdeadas.
Esvaziei o meu copo diante daquela m*****a e deliciosa visão.
— Hum, pode ficar! — rebato com desdém e ela sorri, dando de ombros.
— Santo Deus, estou passando mal! — Val retruca, dando algumas pancadinhas com as pontas dos dedos no seu peito do lado do coração.
— Cacete, me segure senão eu vou atacá-lo! — Mirela sibila, segurando na minha mão para eu segurar no seu braço. Sem entender toda essa cena dramática, olhei na direção que elas estavam olhando de uma forma fixa e quase tive um infarto quando assisti Gustavo saindo da água. Na sequência ele sacode os cabelos encharcados e a água me fazia inveja escorrendo por todo aquele corpo bronzeado. Ele caminha pela areia, pega as suas coisas largadas no chão e vem na nossa direção, parando bem na minha frente.
Engulo em seco enquanto olho para esse monumento parado bem ali.
— Divirta-se, Fofinha para mim já deu! — Ele pisca um olho, põe os óculos de sol e eu juro que senti todas as minhas entranhas se esquentarem por dentro, e derreterem na mesma hora.
Quê que isso, mulher de Deus, se recomponha! Repreendo-me imediatamente.
***
Melhores amigos, melhores eventos.
Eu não faço a menor ideia de como eles descobrem esses lugares, mas eles descobriram uma festa havaiana rolando na mansão de um ricaço qualquer e acreditem ou não, entramos de penetra. O lugar está simplesmente bombando e o tema da festa é piscina.
Ou seja, nada de roupas elegantes por aqui e nada de requinte também.
Os convidados são todos barulhentos e dentro da enorme piscina acontece de tudo, então nem em sonho vou entrar ali. O local está iluminado por um tipo de lanternas de papel, o que deixa o ambiente ainda mais agradável e o som alto, as luzes coloridas piscando e a variedade de bebidas é quem garante toda animação da galera.
Ah, e eu dou um doce se vocês adivinharem onde eu estou exatamente agora. Ganhou o meu docinho quem pensou em uma pista de dança lotada e acrescento um pouquinho de creme de leite por cima para quem imaginou que estou segurando um copo da minha bebida preferida.
Gente, os havaianos sabem se divertir. Isso aqui não é apenas um paraíso tropical, é O PARAÍSO em todos os sentidos de uma boa vida. Penso enquanto beberico um pouco da minha bebida e ergo os meus braços, fechando os meus olhos para me deixar levar pelo ritmo dançante. Meus amigos estão a minha volta se divertindo como nunca e pela primeira vez desde que chegamos aqui eles não estão caçando ninguém para levar para cama.
É só diversão mesmo.
— Quem quer mais bebida? — Javier perguntou quase aos berros por conta do som alto. Imediatamente esvazio o meu copo, abrindo um sorriso largo, sentindo a minha cabeça dá um leve giro.
— A minha acabou de acabar! — grito de volta, porém, perto do seu ouvido.
— Eu quero fazer xixi. — Val rosna em seguida.
— Eu vou com você! — Mirela se oferece. Contudo, ela me olha. — Você vem? — pergunta, mas sério, está tão gostoso ficar aqui que decido dizer um não com a cabeça. Eles se afastam e eu continuo com a minha dança.
Eu simplesmente adoro dançar e fiz muito isso com vocês sabem quem. O quê, decidi não falar mais no nome do dito cujo.
Eu sei que parece infantilidade, mas não é. É só uma maneira de o lançar no mar do esquecimento de vez por todas, embora como vocês acabaram de ver o infeliz vez ou outra me vem ao pensamento. Enfim, eu adoro dançar e trocar isso aqui pelo xixi da Val e da Mirela está fora de cogitação. O meu ritmo começa a esquentar quando sinto um par de mãos grandes e quentes envolverem a minha cintura, e seja lá quem estiver atrás de mim começou a roçar o seu corpo no meu seguindo o meu ritmo.
Gostei disso e me deixei levar.
Aos poucos os meus amigos foram voltando. O Javier me entregou mais uma bebida e logo me vi envolvida demais outra vez.
***
— Oh céus, alguém por favor desliga essa sirene! Hum, pelo amor de Deus! — resmungo, jogando o meu travesseiro na direção do som alto demais. A minha cabeça está pulsando de dor e a claridade que vem das janelas parecem que vai explodir os meus olhos. — Hum! — gemo outra vez, pegando outro travesseiro para pôr sobre a minha cabeça, a fim de abafar o som e me esconder da luz.
O silêncio retorna e sorrio aliviada, sentindo a sonolência me abraçar de novo.
— Mas que merda, alguém atende a droga desse telefone! — Mirela grita, jogando o seu travesseiro em mim. Portanto, ergo uma brecha do meu travesseiro, forçando-me a abrir os olhos e me dou conta de que o telefone que insiste em tocar era o meu.
— Foda, quem é o louco que está me ligando a essa hora da madruga? — retruco baixinho, me forçando a sair da cama e confisco o aparelho em cima do criado mudo, para atendê-lo sem olhar quem é o infeliz atrás da linha.
— Até que enfim, Tuca. Você precisa voltar.
— Ramon, o que houve?
Ramon Marrero é o delícia do meu chefe. O Homem é podre de rico apesar de ser tão jovem, lindo, sarado e... estupidamente apaixonado por sua linda esposa. Portanto, não é da minha ossada, mas é um cara quase legal. Quase porque já faz mais de três anos que trabalho para ele e espero ansiosa por uma boa promoção. Entretanto, o carinha não tem me dado a menor chance. O que é ridículo, porque eu sou muito boa no que faço.
Isso é o fator homem que está sempre em primeiro lugar, em qualquer parte do mercado de trabalho. Então a mulher aqui que lute para ganhar o seu lugar ao sol.
— Surgiu um cliente novo para você, uma conta que não podemos perder por nada desse mundo.
— Cliente novo, Ramon, eu estou de férias! — rebato consternada.
— Eu sei. Por mim deixaria você curtir essas ilhas e tudo mais por um mês inteiro.
— Mas?
— Peterson quer você administrando a propaganda dele.
— Peterson, quem porra é Peterson? — O homem bufa do outro lado da linha.
— Das indústrias de cosméticos Peterson.
Eu quase gritei um: Eita Porra! Quando ouvi de quem se tratava.
— Guido Peterson me quer? — Exaspero.
— Não, mas o filho dele, sim. Guido acabou de se aposentar e o seu único filho e herdeiro assumiu todas as empresas. E parece que não está muito satisfeito com o trabalho do Richard, ele quer você aqui e quer para ontem!